terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Teologia e Ciência da Religião

                  Muito embora sejam claras as distinções entre esses dois campos do conhecimento moderno, pois o cientista religioso preocupa-se com o fenômeno religioso em si durante a história e em culturas específicas, o teólogo foca sua atenção no saber produzido por estes fenômenos; o religioso é fruto das experiências vividas, ou seja, baseado em percepções empíricas, já o teólogo organiza sistematicamente fundado no racional seus conceitos e idéias. No entanto, com diz Polanyi: “O observador nunca é neutro; ele tem sempre um sistema de referências, ele tem pressupostos pelos quais sustenta as coisas que descobre.”¹  O teólogo e o cientista religioso têm como “massa” de observação o mesmo material, ou seja, o fenômeno religioso. Como diz Pierre Gisel, tanto a teologia como a ciência da religião “se debruçam sobre a dimensão positiva ou empírica da religião, sobre as crenças, doutrinas ou Igrejas.” Cada uma das ciências, embora, tenham os seus objetivos pré-estabelecidos, entretanto, como herança da Idade Moderna, nenhuma ciência é isolada no mundo científico, dependendo direta ou indiretamente de outros campos do conhecimento, é o que ocorre primordialmente entre essas duas disciplinas. Elas estão intimamente ligadas ao fenômeno religioso! Fenômenos estes, que estão presentes desde as primeiras civilizações antigas. O ser humano sempre teve uma atração grandiosa pelo “mysteriun”, pelo metafísico. Ambas as ciências observam e analisam este fenômeno, porém, enquanto a ciência da religião descreve o fato, a teologia organiza o conhecimento produzido por ele.
                A função da teologia no mundo hodierno é fazer com que a revelação produzida no passado, mantenha continuidade na sociedade de hoje. É fazer com que o conhecimento produzido sobre Deus tenha significado e importância para os indivíduos na atualidade. Para isso, ela se utiliza da hermenêutica, que traduz as verdades antigas de Deus para a atualidade. A teologia não se preocupa apenas com a produção do conhecimento na história, mas principalmente, de como esse conhecimento pode ser atualizado para o homem de agora. Com aquilo que chamamos no magistério de “interdisciplinaridade”, a teologia se utilizando de todo o conhecimento produzido pelos outros campos do conhecimento, procura utilizar-se de todas essas “revelações” para impingir fortalecimento na fé do homem e esclarecê-lo de seu lugar na história e no universo. Imaginando-se “senhora” de toda a verdade, achando-se auto-suficiente em toda a verdade, a teologia cairá nos mesmos erros cometidos na Idade Média e não cumprirá o seu papel dentro da sociedade atual, que é produzir um conhecimento estruturado e sistemático da VERDADE.
                Alguns negam a teologia o status de ciência, argumentando que o seu material de análise é de cunho subjetivo que sua análise é maculada por ser o teólogo desprovido de imparcialidade, visto que o mesmo, em geral, é sempre um religioso a serviço de um segmento religioso qualquer. No entanto, como já foi citado acima, o observador nunca é neutro, mas isso não significa que ele não poderá chegar às suas conclusões e, segundo os próprios critérios científicos dos séculos XVII e XVIII, como relata a professor Gilberto Cotrim: “Ciência é todo o campo do conhecimento que possua objeto de análise e métodos próprios para efeitos conclusivos.”² A teologia possui métodos conclusivos próprios, como por exemplo, o emprego da hermenêutica, da exegese bíblica, etc., objeto definido que é a revelação dentro da história e uma premissa conclusiva organizada e sistematizada.
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¹  SCHAEFER, Francis A. O Deus que se revela. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002.  
² COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo, Saraiva, 1995.               

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

TEOLOGIA

                  Teologia é o estudo reflexivo sobre Deus com base em sua revelação ao homem no decorrer da história. Essa revelação se dá por meio dos Escritos Sagrados (textos canônicos), dos dogmas produzidos no transcorrer da história da Igreja como interpretação e sistematização dos conceitos bíblicos e de sua revelação contínua ao homem que o procura no transcorrer da história¹.  Em primeiro lugar, a teologia nasce da fé, pois, ela tem como premissa a convicção de que Deus não permaneceu e nem permanece calado no percurso da história humana, manifestando-se ao homem através de Sua Palavra, como diz Barth: “... Deus age e, agindo, fala.” (p.19); ela também é fruto da compreensão que o homem faz de suas manifestações (geral ou natural e especial) por meio da sistematização de conceitos por ele apreendidos e, para isso ele racionaliza tais conceitos e os expõem de maneira que outros possam assimilar. Por isso, fé e razão são imprescindíveis para se fazer teologia. Teologia é racional porque ela explica os elementos constituintes da fé por meio das ferramentas e métodos da razão. Para isso, ela se utiliza da hermenêutica contextualizando e analisando os princípios da fé dentro da história. No entanto, há um limite para a razão e quando esse limite chega, precisamos subordinar nossas dúvidas à fé!
                    Dentro do mundo moderno em que, tudo passa pelo grifo do método empírico ou método racional (método científico), a teologia não poderia ficar alienada dessa nova realidade, correndo o risco de ser descartada como princípio de verdade. Para isso, ela necessitou se organizar, sistematizar-se e, se quisesse alcançar o status de ciência, precisaria estabelecer métodos próprios que lhe conferissem a credibilidade de Ciência. Fé e razão são elementos inseparáveis do método teológico, pois a fé é a confiança na Revelação de Deus na história, já a razão faz o intercâmbio dessa revelação para a atualidade se utilizando dos elementos filosóficos e científicos para lhe dar forma na atualidade.
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 ¹  BARTH, K. Introdução à Teologia Evangélica. São Leopoldo, Sinodal, 1996.               

CALAMIDADE ANUNCIADA

Este espaço é reservado para compartilhar artigos e informações de cunho teológico, entretanto, eu não posso ficar calado diante dos fatos que ocorreram com os nossos irmãos e amigos residentes da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Desde que eu me entendo por gente, sempre, a cada ano tenho visto nos meses de Dezembro a Fevereiro as manifestaçãoes da natureza em nosso Estado que sempre deixam estragos materiais e psicológicos em nossa sociedade. Baixada fluminense, Angra do Reis, São Gonçalo, Niterói, Comunidades da Cidade do Rio de Janeiro, etc. todos tem sofrido! É claro e perceptível que nossas cidades não estão preparadas para estas situações e, sempre ouvimos as mesmas desculpas: "A quantidade de chuva foi superior ao que se esperava para todo o mês...; as pessoas foram imprudentes em construir em áreas de risco...; blá,blá,blá,blá". 
Até quando veremos meses específicos e áreas específicas sofrerem com os descasos e imcopetência do Estado que tem a obrigação de cuidar de sua população e, se for necessário, para manter a integridade física das pessoas, retirá-las de locais e áreas que coloquem suas vidas e de suas famílias em risco...
Que Deus possa confortar esses corações abalados pela dor da perda de entes, amigos e também do que muitos construiram durante toda a sua vida, que haja força para um recomeço. Oremos em favor dessas pessoas!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Trabalho de Campo da Escomiw em Vila Valqueire

Foi maravilhoso, ontem, a abertura do trabalho da Escomiw na Igreja Metodista Wesleyana em Vila Valqueire! Contamos com a presença do Coordenador Geral (Pastor Marcos Batista de Oliveira), do Corrdenador da Sexta Região (Pastor Solimar), do Superintendente Distrital ( pastor Sandoval), do pastor Waldir Jr, oficiais da Igreja de Vila Valqueire e um grupo bastante empolgado da Escomiw.
Para mim foi gratificante e edificante ver um grupo bastante heterogêneo, adultos, jovens e adolesccentes cheios de alegria e de perspectivas diante do que Deus vai fazer nesses 20 dias em que haverá um gupo permanente na Igreja, fortalecidos por outros grupos que os ajudarão nos finais de semana no trabalho da evangelização. A felicidade dos membros da igreja e do pastor Adalberto serve de combustível para nos engajarmos com os irmãos nesses dias e aguardarmos o que o Senhor irá fazer naquele bairro e naquela abençoada Igreja.
Eu lhe convido, independente de denominação, Região, etc. a se unir conosco em um dia ou final de semana e juntos trabalharmos na realização de um projeto que, não apenas veio do coração do bispo Roberto Amaral, mas foi gerado no coração de Deus.
IGREJA METODISTA WESLEYANA
Rua Portão Vermelho,75-77-Vila Valqueire - Rio de Janeiro (próximo à garagem da empresa de ônibus Novacap e do Mc Donalds).

domingo, 2 de janeiro de 2011

O ANO DO JUBILEU


                    Segundo a analogia do descanso semanal do último dia da semana, cada sétimo ano foi designado como um período de descanso para as terras agricultáveis, que deveriam ser deixadas por cultivar (Ex.23:10-11). Um sábado de sábados (49 anos) deveria anteceder o ano do jubileu. Portanto, passavam-se cinqüenta anos para que houvesse um novo ano de jubileu. Naquele qüinquagésimo ano, pois: 1. A terra teria de ser deixada sem cultivo; 2. A terra deveria voltar ao seu anterior proprietário; 3. Os escravos hebreus deveriam ser postos em liberdade. Há muitos eruditos modernos que pensam que essa legislação foi observada raramente e que ela existia mais como um ideal do que como uma realidade.
                    A palavra portuguesa “jubileu” corresponde ao termo hebraico YOBEL, que também indica “clarinetada” tirada de um chifre de carneiro. Essas clarinetadas anunciavam as festas religiosas e os dias santificados. A palavra acabou indicando o próprio chifre de carneiro. O termo jubileu, em português, indica o regozijo do dia; vem do latim, jubilum, um grito de alegria.
                    De acordo com a Igreja Católica, um ano de jubileu é um ano de indulgência especial. Um ano desses só pode ser decretado pessoalmente pelo papa. Para eles, nesse ano, certas condições de confissão, comunhão, boas obras, etc., obtêm a remissão das conseqüências penais terrenas dos pecados. Um ano desses também é conhecido como ano santo.
I – A TERRA NÃO SERÁ CULTIVADA: (25:11)
                    O ano do jubileu também era um ano sabático, ou seja, dois anos se passariam sem que houvesse nenhuma atividade agrícola. Logo, deveria haver provisão alimentar para que o povo pudesse enfrentar tão longo período improdutivo.
                    Haveria uma produção espontânea dos campos plantados, devido a sementes caídas no solo, no ano anterior, o que é salientado no versículo 12. Portanto, haveria algum suprimento, enquanto o resto do suprimento necessário seria o que tivesse sido armazenado pela previdência determinada na Palavra de Deus.
II – A TERRA DEVERIA VOLTAR AO SEU PROPRIETÁRIO: (25:13)
                    Onde houver o envolvimento de dinheiro, aí haverá opressão e desonestidade. O ideal para as famílias era manterem suas terras e nunca vendê-las. Mas quando tal venda fosse necessária, as provisões da legislação mosaica precisavam ser seguidas.
III – Os escravos hebreus deveriam ser postos em liberdade: (25:39)
                    Um judeu empobrecido podia vender-se como escravo para outro hebreu, embora um escravo não tão absoluto como se dava com um escravo pagão. Não podia ser tratado com violência (vs. 46), um ideal que nem sempre era observado. O ideal era que um hebreu que pertencia ao Senhor, não pertencesse a outro homem. Contudo, esse ideal nem sempre era corretamente observado.

                    O ano do jubileu refere-se à redenção que há em Cristo, e aos benefícios advindos de sua missão terrena, de modo geral (Is. 61:1-3/ Lc. 4:16-21). Todos os homens, ricos e pobres, beneficiam-se com base nessa missão, e nenhum homem é esquecido, porquanto Deus amou de tal maneira que fez provisão adequada para o bem-estar espiritual e material dos homens. Em Cristo, encara o bem-estar espiritual e material dos homens. Em Cristo encontramos provisão e herança (Rm. 8:17).