quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A formação da teologia cristã

No período apostólico, embora forças convergissem para desestabilizar as bases nas quais o cristianismo estava fundamentado, a presença e a autoridade apostólica mantinha unidas os ensinamentos difundidos pelo cristianismo. Ademais de toda pressão que o contato com o mundo helênico procurou exercer, a presença dos apóstolos serviu como elemento inibidor desses conceitos que, momentaneamente, eram estranhos àquilo que a igreja compreendia como verdade. Com o fim desse período, a liderança e direcionamento da igreja recaíram nas mãos dos presbíteros ou bispos que têm a tarefa de manter a unidade da igreja diante de pressões tantos externos quanto internos, com isso, a preocupação da igreja que, antes estava na experiência da fé, agora foca em estabelecer o modelo de fé correto admitido e ensinado na igreja. No primeiro momento, os ensinamentos da igreja aparecem definidos nas páginas que compõem o Novo Testamento, chamado em teologia de Fontal, Originante ou Paradigmática. Nela encontramos o que a igreja pensava em relação a Pessoa de Cristo, seus conceitos soteriológicos, eclesiais, escatológicos, etc.; as bases e o pensamento das principais comunidades cristãs do primeiro século. Essa compreensão era fundamentada com base nas experiências comunitárias, conforme afirmou o apóstolo Paulo, fundamentada no Espírito Santo.
               O período designado de patrística é aquele em que, envolto pela cultura grega, a igreja precisava “racionalizar” ao mundo culto de sua época as doutrinas cristãs, daí porque patrística é designada por alguns autores de “uma adequação das doutrinas cristãs ao pensamento grego.” Estão inseridos nesse período os Pais da Igreja (aqueles que exercem a autoridade natural dentro do cristianismo são os sucessores dos apóstolos e só seria reconhecido como pai apostólico, o bispo ou presbítero que, por tradição tenha sido discípulo de um dos apóstolos); os Apologistas (que defendem a doutrina da Igreja dos ataques de fora); e os doutrinadores (que defendem a doutrina da Igreja das heresias que surgem em seu seio). É neste período que se uniformizam as doutrinas ou dogmas cristãos, principalmente, quando o cristianismo tornou-se religião oficial, visto que o propósito do imperador Constantino era de que não houvesse nenhum cisma em seu reino, daí, a teologia da Igreja que antes, respeitando às concepções locais, diferiam em alguns aspectos, desde então deveria ser uniformizada. É digno de nota que, a maioria das doutrinas cristãs em vigor hoje, é produto desse período fértil da história do cristianismo. Entretanto essa uniformidade não se deu de maneira fácil, visto que, como foi declarado anteriormente, havia diferenças entre as comunidades cristãs, por exemplo, as duas escolas que dominam a parte final da Idade Antiga são Alexandria e Antioquia. Enquanto que em Alexandria predominava o método alegórico de interpretação dos textos Sagrados e os grandes pensadores desta escola seguiam esse caminho, já Antioquia se baseava no método literal de interpretação. Havia outras escolas importantes, mas sem dúvida alguma, no campo teológico o domínio estava nesses dois centros do conhecimento secular e teológico.
                      Com a invasão bárbara no Império romano, tem fim a Idade Antiga e se inicia a Idade Média, certo historiador católico denomina esse período de “um século de trevas de chumbo e de ferro”. ¹ Durante a Baixa Idade Média, os conceitos agostinianos não sofrem nenhum ataque dentro do cristianismo, formando a base dogmática desse período da história, no entanto, no século XIII a situação muda, com o advento do movimento designado de Escolástica, que visava um maior enrijecimento dos ensinos cristãos de forma sistematizada e com base nos ensinamentos filosóficos de Aristóteles. O conhecimento teológico nesse período se distancia ainda mais do laicato, sendo reduzido à jurisdição dos “intelecttus”. Enquanto que, na Idade Antiga,a doutrina era fruto da experiência comunitária, na Alta Idade Média e no decorrer final desse período, é fruto do conhecimento especulativo baseada na dialética aristotélica período em que, o centro da teologia se desloca para a França e a Alemanha. A teologia e o mistério nesse instante tornam-se apenas elementos subordinados a uma razão rígida.
                 

¹GONZALEZ,J.Uma história do pensamento cristão, de Agostinho às vésperas da Reforma.São Paulo, Editora Cultura Cristã,2004.

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