Em um mundo, marcado pela
pós-modernidade, a missão cristã é confrontada com o modelo de vida, “modus vivendis” dessa época e o
modelo estabelecido por Jesus Cristo. Viver segundo Deus ou viver segundo o
mundo? Eis o primeiro de seus dilemas: Fidelidade ao mundo ou fidelidade a
Deus? O nosso modelo é Jesus Cristo, que viveu os desafios de sua época, esteve
dentro de seu ambiente cultural, mas jamais perdeu o seu foco, que era cumprir
a vontade de seu Pai. Em tudo Ele foi fiel! É possível e necessário também para
a Igreja, inserida nesse contexto pós- moderno, manter firme sua fidelidade a
Deus no cumprimento de sua missão sem, porém, esquecer-se de efetuar influência
e transformação na sociedade que ela vai alcançar, não se afastando do mundo,
mas para isso, primeiro é necessário lhe conhecer. Em uma sociedade
caracterizada pela efemeridade, ou seja, as pessoas não se apegam a nada, a não
ser o que lhe possa satisfazer, a Igreja precisa demonstrar o valor da
fidelidade, vivendo uma vida caracterizada pela obediência à vontade de Deus.
Uma época marcada pela falta de “modelos” precisamos ser o farol que ilumina um
mundo que navega em densas trevas. O segundo desafio é a demonstração de
compaixão. Uma época marcada por “cada um por si...”, as pessoas buscam a
satisfação de seus interesses individuais, não se preocupando com o próximo.
Tudo gira em torno do “EU”, as demais pessoas não têm importância. É uma
sociedade que não se preocupa com as pessoas,
mas a penas o lucro que elas podem gerar, daí, só os “bons” subsistem. E
quanto aos ruins? Eles são descartados, rejeitados, abandonados.
È isso que a pós-modernidade tem feito com grande parte dos seres humanos
dentro das nossas sociedades. Mas a Igreja não pode fechar seus olhos, não pode
se calar diante de tamanha crueldade. Mas uma vez, Cristo é o nosso exemplo,
pois ele não abandonou os excluídos de sua época, como diz o frei Isidoro
Mazzarolo: “O cristianismo é a religião da integração na família de Jesus dos
excluídos.”¹ A Igreja necessita urgentemente de interagir com a sociedade de
sua época, demonstrando os componentes da compaixão demonstrados por Cristo se
quiser cumprir a Missão outorgada pelo Pai.
A igreja só conseguirá influenciar e
transformar sua época, se primeiro, fizer acompanhar sua mensagem e serviço
baseados e fundamentados no amor, amor que prioriza o próximo, que se preocupa
com suas dores e sofrimentos e que o tem em alta estima, não como um meio para
se alcançar um fim, um objeto qualquer, mas alguém especial. E, em segundo
lugar, realizar o seu serviço (diaconia) de maneira que supra as necessidades
prementes dos indivíduos, lhe dando o reconhecimento de valor como cidadão, mas
principalmente, de uma pessoa que é amada e valorizada por Deus.
¹
Mazzarolo, I. Evangelho de Marcos-Estar ou não com Jesus. Porto Alegre,
Livraria Plink, 2004.
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