segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A missão no mundo pós-moderno

A pós-modernidade surge, como resposta a um mundo inquieto em que acreditava que a modernidade seria a solução para todos os problemas da sociedade e do ser humano; se preconizava que a humanidade alcançaria os mais altos padrões de evolução. Os “Nostradamus” modernos afirmavam que seria a era de ouro da humanidade, porém, a I Guerra Mundial foi um “balde de água fria” em todas essas expectativas. Uma sociedade que acreditava que a razão seria reguladora de todos os arquétipos e estereótipos hodiernos foi abalada por situações que deixou os cientistas inquietos e totalmente desprovidos de respostas. A pós-modernidade vem como substituição e como forma de acalmar a inquietação pela qual a sociedade passava. Uma das principais características desse novo período é a centralidade no indivíduo e um abandono aos conceitos absolutos. Mas não apenas isso, como também que, tudo se compreende dentro de um contexto histórico e cultural, ou seja, a verdade depreende da compreensão da realidade atual, não servindo como forma única e objetiva, pois em outros ambientes e momentos essa verdade pode ser diferente. Há uma predileção pelo método empírico, ou seja, a verdade é fruto daquilo que pode ser experimentado; se abdica dos conceitos teóricos e se busca emoções, por mais que não se perdurem ou se universalizem, são ferramentas utilizadas nesse momento da história.
                É preciso observar que o homem não é um ser isolado, a não ser que deliberadamente tome a atitude de viver recluso, mas mesmo assim a sociedade e a época exercem influencia sobre ele. É impossível a igreja cumprir sua missão sem levar em conta a “bolha” cultural em que a sociedade está inserida, caso contrário, a sua linguagem, o seu projeto ficará completamente distanciado do indivíduo que ela pretende alcançar. Ela só conseguirá ter êxito em seu trabalho se atentar que o homem na atualidade é muito influenciado pelo contexto em que está plantado, mas que também, ele busca experiências em suas relações sociais e intrapessoal, daí, não há uma receita única e final para suprir as necessidades desse indivíduo, devendo a igreja pluralizar suas ações se é que ela deseja alcançar “universalmente” a todos.
              Finalmente, é preciso observar que a sociedade de hoje é conseqüência de toda a cultura anterior, não existe presente que não seja influenciado pelo passado. Vários erros cometidos no passado da história da Igreja, foi não levar em conta à realidade em que ela estava inserida, por conseguinte, estava mais preocupada com suas ideologias e com a sua “verdade” do que analisar o “modus vivendis” das pessoas que ela pretendia alcançar. Sem compreender o mundo pós-moderno, como suas demandas, características, etc., ficaremos, como igreja, totalmente distanciados e alienados àqueles que estão ao nosso lado. Antes de transformar e influenciar essa cultura é, condição sinequanon que assimilemos e compreendamos sua forma de ser antes de cumprirmos a missão, pois assimilação, transformação e influencia são elementos indivisíveis da missão da Igreja.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O CORAÇÃO DOS DISCIPULOS: Os solos da alma humana.


Texto: Mt.13.


                    Envolvidos pelos sonhos de Jesus, os jovens discípulos tiveram a coragem de virar a página da sua história e segui-lo. Deixaram o futuro que haviam traçado para trás. Pensaram que seguiriam alguém capaz de arregimentar o maior de todos os exércitos, alguém que exercitasse sua força para que o mundo se dobrasse a seus pés. Mas ficavam pasmados com suas palavras. Elas lhe penetravam o cerne do ser. Ele discursava sobre a eternidade, parecia tão superior aos homens, mas tinha a coragem de se dobrar aos pés de pessoas simples. Ele tinha uma grande ambição: transformar seus incultos discípulos e torná-los tochas vivas que pudessem incendiar o mundo com os seus projetos e seus sonhos. Mas para isso, Ele precisaria modificar completamente a personalidade complexa desses homens, como Ele também quer modificar completamente você.
                    Ele utilizava vários métodos para ensinar lições de vida a estes homens. Ele era um brilhante contador de histórias. Suas parábolas educavam, possuíam um conteúdo espetacular. O mestre dos mestres conseguia resumir assuntos que poderiam ser discutidos em vários livros em uma simples história. Certa vez, Ele contou uma parábola belíssima que sintetizava a sua grande missão: a parábola do semeador. Ele simbolizou e classificou o coração humano em vários tipos de solos.
                    Durante trinta anos, Jesus pesquisou atenta e silenciosamente o processo de formação da personalidade. Era um especialista em detectar nossas dificuldades. Sabia que ferimos as pessoas que mais amamos, que perdemos facilmente a paciência, que somos governados por nossas preocupações. Ao invés de nos acusar, ele nos estimula a pensar. Queria que as multidões fizessem o mesmo. A lei e as regras de conduta tentaram mudar o ser humano de fora para dentro, as sementes que o mestre da vida queria plantar objetivava mudá-lo de dentro para fora. Os quatro tipos de solos que ele descreveu em sua parábola representam quatro tipos de personalidades distintas ou quatro estágios da mesma personalidade. No caso dos discípulos, eles representam principalmente os quatro estágios do desenvolvimento de suas personalidades na encantadora, sinuosa e intrigante caminhada com o mestre dos mestres.
 O PRIMEIRO SOLO: que representa um caminho.
                    Ele descreveu o primeiro tipo de solo como uma terra à beira do caminho. Esse solo estava compacto, endurecido e impermeável. As sementes que ali foram lançadas não penetraram nele e, portanto, não encontraram condições mínimas para germinar. Que tipo de pessoa essa terra representa?
                    Representa as que têm seu próprio caminho, as que não estão abertas para algo novo, não estão dispostas a aprender. Elas se fecham dentro do seu mundo. Foram contaminadas pelo orgulho, não conseguem abrir o leque de possibilidades dos pensamentos. O coração delas é compactado como a terra de uma estrada. São rígidas e fechadas. Quando põem uma coisa na cabeça, ninguém consegue removê-la.
                    As dores, as perdas e as decepções deveriam funcionar como arados para sulcar o coração, mas muitas vezes somos tão rígidos que não permitimos que elas penetrem nos compartimentos mais profundos do nosso ser. Continuamos os mesmos. As reflexões sobre as experiências difíceis que os outros passam deveriam funcionar como a chuva serôdia, mansa e suave, para irrigar o território da nossa alma. Entretanto, muitas vezes, ele está tão solidificado que se torna impermeável. Não aprendemos com os erros dos outros. Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros. Nem Jesus, com suas mais belas sementes da sabedoria e do amor, conseguia fazer germinar num solo compactado à beira do caminho. Por quê? Porque Ele não invade o coração de nenhum ser humano. Ele só trabalha no coração daqueles que o abrem para Ele.
                    Os discípulos começaram a sua jornada com Jesus como um solo compacto à beira do caminho. Todos passaram por esse estágio, porque eram impulsivos, ansiosos, agressivos. O maior favor que podemos fazer a uma semente é sepultá-la. Uma vez sepultada, ela morrerá, mas se multiplicará. As sementes que não penetram na terra são comidas pelas aves do céu, perdem a sua função. Infelizmente, a maioria das sementes que recebemos não germina. Seus erros e sofrimentos conseguem sulcar a sua terra e torná-la apta para que as mais nobres sementes possam crescer?
O SEGUNDO TIPO: o solo rochoso.
                    O solo rochoso é o segundo tipo de coração que Jesus simbolizava nessa parábola. Era um solo melhor do que o que estava à beira do caminho. As sementes nele lançadas encontraram condições mínimas para germinar. Elas logo nasceram, visto que a terra era pouca. Porém, logo veio o calor do sol e elas não suportaram, já que suas raízes eram superficiais.
                    Quem é representado por esse tipo de solo? Como o próprio Jesus disse, ele representa todos os que receberam rápida e alegre a sua palavra. Eles fizeram festas para ele. Compraram os seus mais belos sonhos. O júbilo era incontido. Mas um dia, os problemas chegaram, as perdas surgiram, as perseguições bateram à porta. Ficaram confusos.
                    Perceberam que o mestre dos mestres não eliminava todos os obstáculos que eles encontravam pelo caminho. Ficaram assustados. Entenderam que não estavam livres de decepções. Creram que todas as suas orações seriam rapidamente atendidas. Pensaram que segui-lo era viver num céu sem tempestade, relações sem desencontros, trabalhos sem fracassos. Mas se enganaram.
                    Jesus nunca fez essas promessas. Prometeu, sim, força na fragilidade, refrigério nos fracassos, coragem nos momentos de desespero. Eles viram o próprio Jesus passar por tantos problemas e correr o risco de morrer. Essas cenas os abalaram. Será que é Ele o Messias? Será que vale a pena segui-lo? Será que seus sonhos não são delírios? Essas perguntas os atormentavam. Desanimados, muitos desistiram de segui-lo.
                    Todos os discípulos de Jesus passaram por esse estágio. Eles não eram gigantes, como nenhum ser humano o é. Todos nós temos os nossos limites. Às vezes, uma pequena pedra para alguém, fácil de ser contornada, representa uma grande montanha para outrem e vice-versa. Não é tão fácil enfrentar os problemas, mas é necessário. O medo dos problemas intensifica a dor. Enfrentá-los é uma atitude inteligente. Mas qual é melhor maneira de enfrentá-los? Lançando raízes nos solos do nosso coração. As raízes de uma árvore são o segredo de seu sucesso, de sua capacidade de suportar o calor do sol, as tempestades e o frio. As raízes dão sustentabilidade às plantas, suprem-nas com os nutrientes e água.
                    Se você não se preocupa em cultivar raízes internas, não espere encontrar águas profundas nos dias de aridez. As plantas que suportam a angustia do sol e os períodos de sequidão não são as mais belas, mas as que têm raízes mais profundas. Elas atingem o lençol freático. Encontram águas profundas. Um dia, as dificuldades e os problemas aparecerão, mesmo para alguém que sempre teve uma rotina tranqüila. Os amigos vão embora, a pessoa que mais amamos não nos suporta, os filhos não nos compreendem, o trabalho vira um tédio, o dinheiro fica escasso, os sintomas aparecem. O que fazer? Entrar em desespero? Não! Aproveitar as oportunidades para lançar raízes. Jesus demonstrou que, para lançar raízes, é necessário remover as pedras, o cascalho do nosso ser. Como? Andando por ares nunca antes respirados. Percorrendo os labirintos do nosso ser. Correndo riscos para conquistar aquilo que realmente tem valor. Aceitando com coragem as perdas que são irreparáveis. Reconhecendo as falhas, pedindo desculpas, perdoando, tolerando, tirando a trave dos nossos olhos antes de querer remover o cisco do olho de alguém.
                    Ex.: O momento que muitos abandonaram Jesus.
 O TERCEIRO TIPO: o solo com espinhos.
                    O terceiro tipo de solo representa uma terra melhor do que temos visto até o momento. O solo era adequado. Não era compactado, não havia pedras no seu interior. As sementes encontraram um excelente clima para crescer. Lançaram raízes profundas, conseguiram atingir águas submersas, suportaram o calor do sol e as intempéries. Elas cresceram com vigor e entusiasmo.
                    Os problemas exteriores não conseguiam destruí-las. Junto com as pequenas plantas geradas pelas belas sementes cresceram, sutilmente, os espinhos. No início, os espinhos aparentavam ser gramíneas frágeis e inocentes. Havia espaço para todas plantas, poderiam conviver juntas. Entretanto, os meses se passaram e as plantas e os espinhos cresceram. Então, algo imprevisível aconteceu. O espaço que era tão grande começou a ficar pequeno. Iniciou-se uma competição. Os espinhos começaram a competir com as plantas pelos nutrientes, oxigênios, água, e raios solares. Como estavam mais adaptados, deram um salto. Cresceram rapidamente e começaram a sufocar as plantas. Elas clamavam pelos nutrientes e pelos raios solares para fazer a fotossíntese, mas os espinhos controlavam seu desejo de viver. Assim, apesar de ter raízes profundas e de conquistar um bom porte, as plantas não frutificaram, não sobreviveram.
                    Que grupo de pessoas ou que estagio da personalidade esse tipo de solo representa? Representa as pessoas mais profundas e sensatas, que permitiram o crescimento das sementes do perdão, do amor, da sabedoria, da solidariedade e de todas as demais sementes do plano transcendental do mestre dos mestres. Elas suportaram as incompreensões, as pressões, as dificuldades externas. Vira Jesus sofrer oposição e perseguição, mas não desanimaram. Ficaram amedrontadas quando ele, por diversas vezes, quase foi apedrejado, mas não o abandonaram. Nenhuma critica, rejeição, doença, decepção ou frustração parecia roubar-lhes o desejo de segui-lo.
                    Dia a dia tornaram-se fortes para vencer os problemas do mundo. Os anos se passaram e elas pareciam imbatíveis. Entretanto, não estavam preparadas para superar os problemas do seu próprio mundo, que cresciam sutilmente no âmago do seu ser. Jesus disse, nessa parábola, que os espinhos representam as preocupações existenciais, os cuidados do mundo, as ambições, a fascinação pelas riquezas.
                    Quem não tem preocupações? Freqüentemente, somente as pessoas irresponsáveis estão livres de preocupações. Quem não antecipa situações do futuro e vive do passado? Quem não se perturba com as incertezas do futuro? Quem não tem ambição? Mesmo o mais humilde dos homens tem ambição, ainda que ela seja para conservar sua timidez e não expressar suas idéias. Há inúmeros tipos de riquezas que fascinam o ser humano: possuir dinheiro, ser admirado, ser reconhecido, ser maior do que os outros.
                    Os grandes problemas, como doenças ou risco de morrer, não destruíam os discípulos. Agora teriam de passar no teste dos pequenos problemas que cresciam no solo da sua alma e competiam com as plantas oriundas da semente do mestre dos mestres. A arrogância competia com o perdão, à intolerância competia com a compreensão, à necessidade de poder competia com o desprendimento, a raiva e o ódio competiam com o amor.
                    Um dos maiores problemas que sufoca as plantas não é o fracasso, mas o sucesso. O sucesso profissional, intelectual, financeiro e até o espiritual, se não forem bem administrados, paralisam a inteligência, obstruem a criatividade, destroem a simplicidade. Seu sucesso o tem paralisado ou liberado.
                    As sementes dos espinhos estavam presentes desde a mais tenra formação da personalidade dos discípulos, portanto, estavam ecologicamente adaptadas. Algumas preocupações são legitimas, como a educação dos filhos, ter segurança, uma boa aposentadoria, um bom plano de saúde. O problema ocorre quando essas preocupações nos controlam, roubam nossa tranqüilidade e capacidade de decidir. Muitas pessoas são diariamente assaltadas por pensamentos perturbadores. Elas são maravilhosas para os outros, mas são escravas dos seus pensamentos. Não sabem cuidar da sua qualidade de vida. Diariamente, temos de remover o lixo e os espinhos que se acumulam no terreno do nosso coração. Temos de reciclar os pensamentos negativos e perturbadores que sutilmente são produzidos.
Ex.: do que ocorreu com Judas Iscariotes.
Pais e filhos que falam de coisas externas, mas não falam de si mesmos.
O ÚLTIMO SOLO: a boa terra.
                    Chegamos à boa terra, o solo que o mestre da vida queria para plantar e cultivar as mais importantes funções da personalidade.
                    Quem representa a boa terra? O próprio Jesus disse que são os que compreenderam a Palavra, refletiram sobre ela, permitiram que ela habitasse no seu ser.
                    Alguns dos discípulos foram longe em seus erros. Caíram no ridículo e ficaram decepcionados consigo mesmo, como Pedro. Entretanto, tiveram coragem de perceber suas limitações e de se esvaziar para aprender as mais profundas lições nas mais incompreensíveis falhas. Não tiveram medo de chorar e começar tudo de novo. Jesus usava varias ferramentas para poder corrigir os solos de seus discípulos. Ao andar com eles, ele os colocava em situações difíceis, fazia-os entrar em contato com seu medo, ambição, conflitos. Ele os treinava constantemente a “arar” a alma, a esfacelar os torrões, a corrigir a acidez e a repor os nutrientes. O resultado ninguém conseguia prever. Era uma tarefa quase impossível. Jesus tinha tudo para falhar.
                    Passado mais de um ano, os discípulos apresentavam reações agressivas e egoístas. No segundo ano, ainda perpetuavam as competições, uns queriam ser maiores do que os outros. No terceiro ano, o individualismo ainda tinha fortes raízes. No final da sua jornada, logo antes de sua crucificação, o medo ainda encarcerava os discípulos. Jesus parecia derrotado. Mas Ele persistia como se fosse um artesão da lama humana. Ele confiou plenamente em suas sementes.

                    Ele não apenas era um vendedor de sonhos, mas também um vendedor de esperança. As pessoas podiam cuspir no seu rosto, esbofeteá-lo, negá-lo e até traí-lo, mas ele não desistia delas. Ele acreditava no genoma das suas sementes e nos solos que cultivara.
                    Para Ele, nenhum solo era inútil ou imprestável. Uma prostituta poderia ser lapidada e ter mais destaque do que um fariseu. Um coletor de impostos corrupto e dissimulado poderia ser transformado a tal ponto que superaria no seu reino um líder espiritual puritano e moralista. Um psicopata inumano e violento poderia reciclar a sua vida a tal ponto que seria capaz de recitar poesias de amor, ter sentimentos altruístas e correr riscos para ajudar os outros.

Pastor evangélico é assassinado em frente a igreja no Rio


 pastor evangélico Heguinaldo da Silva Viana, 44 anos, foi morto na noite de domingo, em frente à igreja onde pregava, no Santíssimo, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Na tarde desta segunda-feira, um suspeito que já havia ameaçado o religioso foi preso. Alessandro da Rocha Teixeira, 35 anos, confessou o crime, segundo a polícia.
De acordo com testemunhas, o pastor - que já havia registrado queixa contra o suspeito na 35ª DP (Campo Grande), em dezembro de 2010 - discutiu com Teixeira momentos antes do crime. O homem, que é vizinho do templo, estaria irritado com o barulho dos cantos dos fiéis.
A Polícia militar informou que Teixeira foi preso após uma denúncia anônima. Segundo a denúncia, ele estava na rua Atheneu, em Inhaúma. Ele foi encaminhado para a 34ª DP e, dpois, para a Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

FORMAÇÃO DO DOGMA DA TRINDADE

A posição de Jesus Cristo em relação à divindade esteve em xeque desde os primórdios do cristianismo, como bem podem ser atestados pelas confissões antigas presentes no texto bíblico em que é declarada sua plena humanidade e também a sua plena divindade (doutrina da união hipostática). Já dentro do ambiente judaico, grupos como os ebionitas afirmavam que Jesus era apenas humano e que pela sua obediência completa à vontade do Pai, Ele o adotou como Filho (doutrina também conhecida como adocionismo). Mas sem dúvida alguma, foi dentro do ambiente filosófico grego que o cristianismo enfrentou às suas maiores dificuldades, em que o embate não era para defender a fé cristã dos ataques dos filósofos pagãos, mas sim dos filósofos cristãos que visavam explicar “racionalmente” dentro da filosofia grega os conceitos considerados balizares para o cristianismo. Sem dúvida alguma o monarquianismo modal, base da sustentação gnóstica, sustentava ser Jesus o spermatikóslogoi, ou seja, a primeira substância criada pelo Pai e a partir dela, o Pai criou todas as coisas, essa doutrina era também conhecida como docetismo, que afirmava que Jesus parecia possuir um corpo humano, mas na realidade era um corpo espiritual. É observado nos primeiros séculos da história da teologia que os principais concílios foram reunidos para discutir vertentes deste tipo grego de cristologia.
                Em 325, no Concílio Ecumênico de Nicéia, igreja que já havia sido assolada pelo sabelianismo no século anterior, agora tem que enfrentar o conceito ariano de cristologia, que Cristo é visto como uma substância distinta do Pai, como afirma Justo Gonzáles: “A igreja até então não havia condenado o modalismo.”, agora se depara com um conceito que está abalando toda a igreja. Este concílio considerou o ensinamento de Ário herético e definiu o credo conhecido como Credo de Nicéia: “Cremos em um só Deus Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro do verdadeiro Deus, gerado, não feito, consubstancial (homoousius) com o Pai, por quem todas as coisas vieram a existir, tanto no céu como na terra, que por nós homens e pela nossa salvação desceu e encarnou, tornou-se humano, padeceu e ao terceiro dia ressuscitou e subiu ao céu e virá para julgar os vivos e os mortos; e no Espírito Santo.”  

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A formação da teologia cristã

No período apostólico, embora forças convergissem para desestabilizar as bases nas quais o cristianismo estava fundamentado, a presença e a autoridade apostólica mantinha unidas os ensinamentos difundidos pelo cristianismo. Ademais de toda pressão que o contato com o mundo helênico procurou exercer, a presença dos apóstolos serviu como elemento inibidor desses conceitos que, momentaneamente, eram estranhos àquilo que a igreja compreendia como verdade. Com o fim desse período, a liderança e direcionamento da igreja recaíram nas mãos dos presbíteros ou bispos que têm a tarefa de manter a unidade da igreja diante de pressões tantos externos quanto internos, com isso, a preocupação da igreja que, antes estava na experiência da fé, agora foca em estabelecer o modelo de fé correto admitido e ensinado na igreja. No primeiro momento, os ensinamentos da igreja aparecem definidos nas páginas que compõem o Novo Testamento, chamado em teologia de Fontal, Originante ou Paradigmática. Nela encontramos o que a igreja pensava em relação a Pessoa de Cristo, seus conceitos soteriológicos, eclesiais, escatológicos, etc.; as bases e o pensamento das principais comunidades cristãs do primeiro século. Essa compreensão era fundamentada com base nas experiências comunitárias, conforme afirmou o apóstolo Paulo, fundamentada no Espírito Santo.
               O período designado de patrística é aquele em que, envolto pela cultura grega, a igreja precisava “racionalizar” ao mundo culto de sua época as doutrinas cristãs, daí porque patrística é designada por alguns autores de “uma adequação das doutrinas cristãs ao pensamento grego.” Estão inseridos nesse período os Pais da Igreja (aqueles que exercem a autoridade natural dentro do cristianismo são os sucessores dos apóstolos e só seria reconhecido como pai apostólico, o bispo ou presbítero que, por tradição tenha sido discípulo de um dos apóstolos); os Apologistas (que defendem a doutrina da Igreja dos ataques de fora); e os doutrinadores (que defendem a doutrina da Igreja das heresias que surgem em seu seio). É neste período que se uniformizam as doutrinas ou dogmas cristãos, principalmente, quando o cristianismo tornou-se religião oficial, visto que o propósito do imperador Constantino era de que não houvesse nenhum cisma em seu reino, daí, a teologia da Igreja que antes, respeitando às concepções locais, diferiam em alguns aspectos, desde então deveria ser uniformizada. É digno de nota que, a maioria das doutrinas cristãs em vigor hoje, é produto desse período fértil da história do cristianismo. Entretanto essa uniformidade não se deu de maneira fácil, visto que, como foi declarado anteriormente, havia diferenças entre as comunidades cristãs, por exemplo, as duas escolas que dominam a parte final da Idade Antiga são Alexandria e Antioquia. Enquanto que em Alexandria predominava o método alegórico de interpretação dos textos Sagrados e os grandes pensadores desta escola seguiam esse caminho, já Antioquia se baseava no método literal de interpretação. Havia outras escolas importantes, mas sem dúvida alguma, no campo teológico o domínio estava nesses dois centros do conhecimento secular e teológico.
                      Com a invasão bárbara no Império romano, tem fim a Idade Antiga e se inicia a Idade Média, certo historiador católico denomina esse período de “um século de trevas de chumbo e de ferro”. ¹ Durante a Baixa Idade Média, os conceitos agostinianos não sofrem nenhum ataque dentro do cristianismo, formando a base dogmática desse período da história, no entanto, no século XIII a situação muda, com o advento do movimento designado de Escolástica, que visava um maior enrijecimento dos ensinos cristãos de forma sistematizada e com base nos ensinamentos filosóficos de Aristóteles. O conhecimento teológico nesse período se distancia ainda mais do laicato, sendo reduzido à jurisdição dos “intelecttus”. Enquanto que, na Idade Antiga,a doutrina era fruto da experiência comunitária, na Alta Idade Média e no decorrer final desse período, é fruto do conhecimento especulativo baseada na dialética aristotélica período em que, o centro da teologia se desloca para a França e a Alemanha. A teologia e o mistério nesse instante tornam-se apenas elementos subordinados a uma razão rígida.
                 

¹GONZALEZ,J.Uma história do pensamento cristão, de Agostinho às vésperas da Reforma.São Paulo, Editora Cultura Cristã,2004.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A RECOMPENSA DOS FIÉIS

Salmo 126:5-6
 Vemos nestes 2 versículos o quadro da vida dos cristãos aqui na terra. Lutas e dificuldades individualmente, quanto coletivamente na propagação do evangelho.
                          Como o agricultor que só colherá o seu produto para o seu sustento e o da sua família se plantar, assim também, o cristão só será recompensado por Deus se semear a sua semente que é a Palavra de Deus (Mc. 4:14).
                          No vs. 6 temos alguns pontos a salientar: “Aqueles que saem chorando, levando a semente/para semear (BLH)/ espalhar (Vulgata Anotada pelo Pe. Matos Soares – Edições Paulina), demonstra que muitos têm a semente, porém, não a semeiam. Complementando este vs. encontramos na edição Revista e Corrigida: ... “Voltará, sem dúvida, com alegria trazendo consigo os seus molhos.”
                          Salário é uma retribuição por um serviço, ou seja, é algo que o indivíduo recebe merecidamente por seus serviços.  Enquanto que recompensa é um prêmio, galardão, presente ou também um castigo ao desobediente. (Dicionário e Enciclopédia Globo).
                           A Bíblia relata em Rm. 6:23 que o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus Nosso Senhor.
- Na vulgata – Graça.
- Viva – Dádiva gratuita.
- BLH – Presente.
                          Das recompensas que encontramos na Bíblia, temos estas:
1.       COROA DA VIDA: Tg. 1:12 – Bem aventurado o homem que suporta a provação, porque depois de ter passado  na prova, receberá a Coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam. Ap. 2:10 - ... Sê fiel até a morte, e dar-te-ei  a  Coroa  da vida. Esta coroa são para os mártires e para todo aquele que tiver sua vida consagrada ao ponto de morrer na causa de Cristo. O mártir é aquele que está disposto a morrer por Cristo. Em At. 1:8, a palavra “Testemunha” é mártir.
a.       É para quem deixa Cristo controlar a sua vida.
b.      Só receberá esta coroa quem estiver crucificado com Cristo
b.1. Morto para o mundo.
b.2. Que não olha para trás.

2.       COROA DE GLÓRIA: I Pe. 5:2-4 – Esta coroa está reservada para os servos fiéis que não servem por amor ao lucro, nem para ter domínio, mas de boa vontade, por amor a Deus e as almas.
a.       A vida dos convertidos são a coroa de quem os ganha para Jesus : Paulo chama a igreja de Filipos de sua coroa (Fl. 4:1); Em I Ts. 2:19-20, ele diz que na vinda de Jesus, a nossa coroa são as vidas convertidas na Igreja.
b.      Em Pv. 11:30 é dito que “Quem ganha almas é sábio”; já em Dn. 12:3 se diz que os sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento, e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente.
c.       Aqueles que lutam com o diabo para resgatar as vidas das suas mãos e aumentar a multidão que aguarda a vinda do Senhor – Deus tem nos capacitado para esta luta (II Co. 10:4) – as quais destroem todas as fortalezas.

3.       COROA DE JUSTIÇA:
a.       É para aqueles que amam a vinda de Cristo.
b.      Para aqueles que estão envolvidos com a obra de Cristo, não vivem apenas olhando para o céu, mas realizam a obra de Cristo, enquanto Ele não vem.
c.       Não deixam o desânimo lhe vencer. Ex.: Dos quase 500 que estavam na ascensão de Jesus, apenas 120 estavam no cenáculo em Jerusalém.
                  Em II Tm. 4:8 Paulo diz que “Desde agora, a coroa de Justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz me dará naquele dia, e não somente a mim, mas também a todos que amam a sua vinda”. No vs. 7 ele declara: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.”

4.       COROA INCORRUPTÍVEL: É para aqueles que vencem a carne, vivendo sobre a orientação do Espírito Santo. Em I Co. 9:24-27 diz “Não sabeis vós que os que correm no estádio,todos na verdade correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que alcanceis. Todo aquele que luta, em tudo se domina. Eles para alcançar uma coroa corruptível, nós porém, a incorruptível. Por tanto corro, não como indeciso; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo, e o reduzo a servidão, para que pregando aos outros, eu mesmo não venha ficar de alguma maneira reprovado.”
a.       Para alcançá-la, precisa-se de um alvo, não se pode bater no ar, mas ter a cruz de Cristo como objetivo.
b.      Precisa-se consagrar: vencer os desejos do corpo e deixar o Espírito Santo determinar os nossos atos, para que daí, sejamos santificados a Deus, ou melhor, por Deus.
b.1 – Santificação no A.T. entre os judeus era a separação de pessoas ou coisas para o uso religioso. Antes da batalha os soldados eram santificados através de uma cerimônia chamada de purificação. (Vocabulário da BLH).
b.2 – No N.T. é o ato de Deus na vida de homens e mulheres que não vivem segundo a carne, mas orientado pelo E.S.

 Todo o cristão deve realizar a sua semeadura, não importando com os espinhos no caminho, nem com quantas coroas teremos na glória, mas realizar a obra de Deus enquanto pode, pois bem sabemos que Deus tem nos dado toda a condição para realizá-la. Agora, eu lhe digo que, para conseguir as 4 coroas, você necessita de uma especial: A coroa de espinhos (símbolo de humildade diante do Senhor). 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A missão cristã hoje

Fazer missão hoje é um desafio para o cristianismo moderno, pois, há conceitos equivocados que foram implantados na mente da igreja brasileira, principalmente a protestante, e que nortearam e norteiam ainda o pensamento missionário em várias denominações. Algumas, ainda arraigadas nos conceitos medievais, imaginam que o único objetivo da igreja é “preparar o homem para os céus;” já outras principalmente as da linha da teologia da prosperidade, entendem que a missão da igreja é tornar o indivíduo “próspero” neste mundo aqui, inclusive, a própria instituição deve ser próspera. Impera a idéia de que o Reino de Deus é o reino da denominação, em que, ao invés de se disseminar os ensinamentos de Cristo, estão proliferando as visões individuais fundadas em interpretações equivocadas do texto Sagrado. Não se tem levado em conta que, embora o homem deva ser direcionado para a eternidade, ele está vivo dentro de sua própria história. É desafio para a igreja harmonizar ambas as visões, que não são contrárias, mas partes mútuas que devem ser trabalhadas. A missão hoje deve estar pautada na integralidade do indivíduo (espiritual, individual e coletiva). O cristianismo que, durante muito tempo esteve focado nas classes “civilizadas” da sociedade precisa resgatar na atualidade o que não foi realizado nos últimos duzentos anos com os menos desfavorecidos da sociedade, lembrando-se que o Cristo dos Evangelhos é aquele inclui as pessoas. Um cristianismo que não busca a inclusão dos “não-civilizados” não é cristianismo, pois não segue o exemplo de seu Líder. Existe ainda, a barreira do diálogo, pois o protestantismo brasileiro se caracterizou pelo não diálogo com outros grupos cristãos. É triste observar, mas muitas denominações não aceitam nenhum tipo de conversa ou diálogo com outros grupos protestantes, imaginando que a salvação da humanidade está circunscrita ao seu grupo evangélico. Somente com a mudança destes paradigmas equivocados é que veremos a igreja brasileira realizar a mudança social e espiritual proclamadas na Bíblia, caso contrário, veremos o contínuo surgimento de grupos inchados que professam ser cristãos, no entanto, que não têm a capacidade de modificar o mundo em que está instalado.