quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Por Quê Igrejas Presbiterianas pelo Mundo estão Aceitando Pastores Homossexuais?

Por Quê Igrejas Presbiterianas pelo Mundo estão Aceitando Pastores Homossexuais?

Duas denominações presbiterianas acabam de decidir no plenário de suas Assembléias Gerais que homossexuais praticantes podem ser pastores nas igrejas delas.

A primeira foi a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA). Veja a notícia aqui:

Igreja Presbiteriana dos EUA  permite ministros homossexuais

E ontem, foi a vez da Igreja Presbiteriana da Escócia. Veja a notícia aqui:

Church of Scotland votes on gay ministers


Estas resoluções foram tomadas depois de muitos anos de conflitos internos e discussões teológicas. E em ambas as igrejas, o voto passou com uma maioria apertada. Os pastores, presbíteros, diáconos e membros destas denominações que discordam da decisão, e que por muito tempo lutaram para que ela não fosse aprovada, enfrentam agora o dilema de saber qual é a coisa correta a fazer. Com certeza, muitos sairão para outras denominações ou para formar novas igrejas; outros, ainda, permanecerão na esperança de que um dia as coisas mudem.

A pergunta que não quer calar é como igrejas de origem reformada, que um dia aceitaram as confissões de fé históricas e adotaram os lemas da Reforma, especialmente o Sola Scriptura, chegaram a este ponto? Em minha opinião, o que está acontecendo hoje é o resultado lógico e final da conjunção de três fatores: a teologia liberal que foi aceita por estas igrejas, a conseqüente rejeição da autoridade infalível da Bíblia e a adoção dos rumos da sociedade moderna como norma.

O processo pelo qual estas denominações passaram, uma na Europa e outra nos Estados Unidos, é similar. As etapas vencidas são as mesmas. Primeiro, em algum momento de sua história, em meados dos séculos XIX, o método crítico de interpretação da Bíblia passou a ser o método dominante nos seminários e universidades teológicas destas denominações. Boa parte dos pastores formados nestas instituições saíram delas convencidos que a Bíblia contém erros de toda sorte e que reflete, em tudo, o vezo cultural de sua época. Para eles, os relatos bíblicos dos milagres são um reflexo da fé dos judeus e dos primeiros cristãos expresso em linguagem mitológica e lendária (veja aqui um post sobre liberalismo teológico).

Segundo, uma vez que a Bíblia não poderia ser mais considerada como o referencial absoluto em matérias de fé e prática, devido ao seu condicionamento às culturas orientais antigas e patriarcais, estas denominações aos poucos foram adotando as mudanças culturais e a direção da sociedade moderna como referência para suas práticas.

Terceiro, com a erosão da autoridade bíblica e o estabelecimento da cultura moderna como referencial, não tardou para que estas igrejas rejeitassem o ensinamento bíblico de que somente homens cristãos qualificados deveriam exercer a liderança nas igrejas e passaram a ordenar mulheres como pastoras e presbíteras. As passagens bíblicas que impõem restrições ao exercício da autoridade por parte da mulher nas igrejas foram consideradas como sendo a visão patriarcal dos autores bíblicos, e que não cabia mais na sociedade moderna (veja aqui uma matéria deste blog sobre ordenação feminina).

O passo seguinte foi usar o mesmo argumento quanto ao homossexualismo: as passagens bíblicas que tratam as relações homossexuais como desvio do padrão de Deus e, portanto, pecado, foram igualmente rejeitadas como sendo fruto do pensamento retrógrado, machista e preconceituoso dos autores da Bíblia, seguindo a tendência das culturas em que viviam. A igreja cristã moderna, de acordo com este pensamento, vive num novo tempo, onde o homossexualismo é comum e aceito pelas sociedades, inclusive com a aprovação do Estado para a união homossexual e benefícios decorrentes dela.

E o resultado não poderia ser outro. O único obstáculo para que uma igreja que se diz cristã aceite o homossexualismo como uma prática normal é o conceito de que a Bíblia é a Palavra de Deus, inerrante e infalível única regra de fé e prática para o povo de Deus. Uma vez que esta barreira foi derrubada - e a marreta usada para isto sempre é o método crítico e o liberalismo teológico - não há realmente mais limites que sejam defensáveis. Pois mesmo os argumentos não teológicos, como a não procriação em uniões homossexuais e a anormalidade anatômica e fisiológica da sodomia, acabam se mostrando ineficazes diante do relativismo da cultura moderna. E as igrejas que abandonaram a autoridade infalível da Palavra de Deus acabam capitulando aos argumentos culturais.

Nem todos os que adotam o método crítico são favoráveis ao homossexualismo. E nem todos liberais são a favor da homossexualidade. Mas espero que as decisões destas duas igrejas, que têm em comum a adoção deste método e a aceitação do liberalismo teológico, sirvam como reflexão para os que se sentem encantados com o apelo ao academicismo e intelectualismo da hermenêutica e da teologia liberais.

Veja o artigo relacionado:

Gays e Lésbicas praticantes agora podem ser ministros do Evangelho na Igrejas Luterana Americana
Fonte:http://tempora-mores.blogspot.com/2011/05/por-que-igrejas-presbiterianas-pelo.html

4 comentários:

  1. Louvo a Deus por sua vida Pastor, e grande mestre, Sandoval.

    Ainda bem que, ao menos por enquanto, esta aprovação da Igreja Presbiteriana se dá fora do Brasil; e, espero que não seja aprovada por aqui, apesar dos apelos liberais e hermeneuticos que povoam o Supremo Concilio, e alguns Sínodos e presbitérios...

    Creio na urgência de uma "reforma" em nossas igrejas. Afinal, "Eclessia reformata et semper reformanda".

    Abraços de seu sempre aluno,

    Paulo Lopes
    pb.paulo.lopes@gmail.com

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  2. Graças a Deus que o Supremo Concílio ainda é liderado por homens comprometidos com a Palavra e a Sã Doutrina. Um forte abraço amigo!

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  3. Parabéns Sandorval pela atitude de colocar estas valiosas e indispensavéis informações, precisamos está atento a estes acontecimentos, pois, banalizar e excluir a essência da genuína Palavra de Deus como paradígma para o seu povo, olhando somente para a questão cultural, banalizar e excluir as mensagens e ensinamentos Jesus, e as doutrinas e ensinamentos das epístolas,tudo isso, é um paradoxo, é o mesmo que,nos tornarmos sepulcros caiados e existirmos
    sem perspectiva da existência e valor da vida no mundo físico e no mundo espiritual.Que o Espírito Santo continue sendo o mestre e administrador na vida dos nossos irmãos membros do Supremo Concílio e dos que no futuro farão parte do mesmo.

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  4. O grande problema do cristão-evangélico é não haver uma liderança centralizada. Cada um faz o que bem entende. Assim, não há como definir quem somos, pois somos muitos grupos aleatórios.

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