A pedagogia de Paulo Freire nasce dentro de um
ambiente ímpar na América Latina em que os governos ditatoriais imperavam e a
sociedade clamava por mudanças em todos os níveis dela, ao mesmo tempo também
se solidificava a Teologia da Libertação que visava interpretar os ensinamentos
de Jesus Cristo sobre a óptica dos menos favorecidos ou marginalizados e, sem
dúvida alguma, ambas as ciências vão influenciar o “modus pensantes” de toda
educação contemporânea da América Latina. Alguns teóricos, durante muito tempo
insistiram na oposição de ambas as ciências, no entanto, hoje, é fundamental
que os operadores de ambos os lados tenham a humildade de se escutarem, visto
que não há conhecimento independente no mundo hodierno e, hoje as ciências são
interligadas, uma auxilia a compreensão e o desenvolvimento da outra. A tese
sustentada pelo autor do artigo “O TEOLÓGICO E
PEDAGÓGICO EM PAULO FREIRE: DESAFIOS À REFLEXÃO CURRICULAR”. (Dr. Manfredo Carlos Wachs) é de que não há como dissociar na Educação
Cristã moderna o binômio teologia e pedagogia deve estar complementando-se
mutuamente.
Muito
embora, surjam muitas críticas ao “teólogo” Paulo Freire, adjetivo que ele
nunca procurou nem se ufanou em usá-lo, entretanto, vamos verificar que o
ambiente em que esse educador surge vai influenciá-lo grandemente. Ele fala
para uma sociedade cristã e essa sociedade vai ser usada por ele em suas
metáforas utilizadas para “revolucionar” a educação. Na realidade, essa
sociedade estava passando por grandes transformações e ele, não ficaria inerte
às mudanças que estavam sendo operadas. A busca do pedagogo Paulo Freire é por
mudanças em todas as áreas da nossa sociedade e essa transformação passa
indubitavelmente pela educação, sem ela
ser humano permaneceria absorto pelas amarras da ignorância! Nesse
processo, todas as áreas deveriam estar envolvidas e entre elas a teologia,
pois grande era a influência que o catolicismo e protestantismo exerciam sobre
os indivíduos dentro deste ambiente e, é claro que, como já foi visto acima, o
ambiente estava impregnado pela teologia
da libertação que visava também mudanças no status quo político, econômico e
social da nossa realidade! Verificamos que a hermenêutica da libertação é
ferramenta útil para esse educador e cientista educacional interpretar os
textos bíblicos, principalmente os ensinos de Jesus, á luz da realidade atual.
Ele busca por meio dessa intepretação ligar a teologia e a pedagogia de maneira
que essa interdisciplinaridade pudesse criar novos horizontes e novas
descobertas para ambas as ciências, mas principalmente introduzir novos
conhecimentos que pudessem melhorar e transformar a sociedade, produzindo assim
uma nova maneira de pensar e compreender o conhecimento.
Na
“teologia” freireana todo indivíduo é capaz de aprendizagem, pois a graça
concedida por Deus ao homem de sua faculdade de aprendizagem é estabelecida e
manifestada própria condição de ser HUMANO. É condição que perpassa a
compreensão de quem somos, ou seja, a compreensão de que fomos feitos por Deus
de maneira indistinta e por isso temos a capacidade inerente da aprendizagem,
no entanto, utilizando a linguagem teológica, Paulo Freire utiliza o conceito
de “metanoia”, em que há a necessidade de compreendermos que precisamos mudar e
nos transformar a cada dia, além do que, isso implica um desejo profundo de
querer aprender. Essa questão do
aprendizado não é visto como uma condição absoluta, visto que na pedagogia
freireana, apenas Deus possui o conhecimento absoluto, já o ser humano, é
alguém que está em constante processo de ensino/aprendizagem. Daí porque, nas
sociedades modernas não haverem mais condições para o processo educacional
antigo e medieval em que apenas os mestres eram detentores do conhecimento, na
sociedade atual, como é claramente vista na pedagogia empregada por Cristo, o
conhecimento é crescente, difuso e proveniente do processo ensino/aprendizagem.
Nesse ambiente, tanto mestres e alunos estão envolvidos no processo educacional
em que ambos aprendem uns com os outros. A base para essa relação é o amor,
pois a partir do momento que compreendemos que todos possuem capacidades inatas
para a aprendizagem e para a co-criação, ou seja, somos parceiros de Deus nesse
processo de criação e de transformação do mundo, acreditamos no ser humano como
um ser transformador e capaz de grandes potencialidades, por meio disso, vemos
que somos parceiros conjuntamente nesta obra de transformação da nossa
sociedade e o amor é esse vínculo que nos une conjuntamente.
Para
Freire, a Palavra não é apenas elemento subjetivo, é mais do que isso, é ação
reflexiva dos pensamentos, sonhos e projetos do indivíduo. Ela na realidade é o
elemento transformador de toda a realidade social. Ela não é um elemento utópico,
mas sim, como aferido nos relatos de Cristo, reflexão daquilo que está
ocorrendo na atualidade, fruto da interação do homem com o seu próximo e com as
coisas que estão circulando à sua existência. Ela é, em última análise, o
elemento transformador e modificador não só do indivíduo, mas principalmente de
toda a sociedade.
Não
atentar para essas características do teólogo-pedagogo, fará com que ocorra uma
visão deturpada e equivocada dos frutos advindos de suas pesquisas no campo da
educação. Estamos todos envolvidos nesse processo e não podemos nos distanciar
das outras áreas do conhecimento para não cometermos os mesmos erros do passado
de acharmos que sabíamos tudo, quando na realidade, verificamos cada vez mais
que não sabemos nada! É a convivência com os demais homens que nos fará
melhores indivíduos dentro da sociedade.
Fantástico teórico e prático da educação brasileira! Estudar Paulo Freire, ainda mais enquanto educadores, é algo fantástico e prazeroso. É, como ele sabiamente coloca, LIBERTADOR!
ResponderExcluirGostei muito deste texto esclarecedor,nós precisamos sempre nos aprimorar dentro da área pedagógica e teologica,porque como foi citado no texto elas se completam.
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