sexta-feira, 18 de maio de 2012

A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO CRISTÃ.



 A pedagogia de Paulo Freire nasce dentro de um ambiente ímpar na América Latina em que os governos ditatoriais imperavam e a sociedade clamava por mudanças em todos os níveis dela, ao mesmo tempo também se solidificava a Teologia da Libertação que visava interpretar os ensinamentos de Jesus Cristo sobre a óptica dos menos favorecidos ou marginalizados e, sem dúvida alguma, ambas as ciências vão influenciar o “modus pensantes”  de toda educação contemporânea da América Latina. Alguns teóricos, durante muito tempo insistiram na oposição de ambas as ciências, no entanto, hoje, é fundamental que os operadores de ambos os lados tenham a humildade de se escutarem, visto que não há conhecimento independente no mundo hodierno e, hoje as ciências são interligadas, uma auxilia a compreensão e o desenvolvimento da outra. A tese sustentada pelo autor do artigo O TEOLÓGICO E PEDAGÓGICO EM PAULO FREIRE: DESAFIOS À REFLEXÃO CURRICULAR”. (Dr. Manfredo Carlos Wachs) é de que não há como dissociar na Educação Cristã moderna o binômio teologia e pedagogia deve estar complementando-se mutuamente.
Muito embora, surjam muitas críticas ao “teólogo” Paulo Freire, adjetivo que ele nunca procurou nem se ufanou em usá-lo, entretanto, vamos verificar que o ambiente em que esse educador surge vai influenciá-lo grandemente. Ele fala para uma sociedade cristã e essa sociedade vai ser usada por ele em suas metáforas utilizadas para “revolucionar” a educação. Na realidade, essa sociedade estava passando por grandes transformações e ele, não ficaria inerte às mudanças que estavam sendo operadas. A busca do pedagogo Paulo Freire é por mudanças em todas as áreas da nossa sociedade e essa transformação passa indubitavelmente pela educação, sem ela  ser humano permaneceria absorto pelas amarras da ignorância! Nesse processo, todas as áreas deveriam estar envolvidas e entre elas a teologia, pois grande era a influência que o catolicismo e protestantismo exerciam sobre os indivíduos dentro deste ambiente e, é claro que, como já foi visto acima, o ambiente estava impregnado  pela teologia da libertação que visava também mudanças no status quo político, econômico e social da nossa realidade! Verificamos que a hermenêutica da libertação é ferramenta útil para esse educador e cientista educacional interpretar os textos bíblicos, principalmente os ensinos de Jesus, á luz da realidade atual. Ele busca por meio dessa intepretação ligar a teologia e a pedagogia de maneira que essa interdisciplinaridade pudesse criar novos horizontes e novas descobertas para ambas as ciências, mas principalmente introduzir novos conhecimentos que pudessem melhorar e transformar a sociedade, produzindo assim uma nova maneira de pensar e compreender o conhecimento.
Na “teologia” freireana todo indivíduo é capaz de aprendizagem, pois a graça concedida por Deus ao homem de sua faculdade de aprendizagem é estabelecida e manifestada própria condição de ser HUMANO. É condição que perpassa a compreensão de quem somos, ou seja, a compreensão de que fomos feitos por Deus de maneira indistinta e por isso temos a capacidade inerente da aprendizagem, no entanto, utilizando a linguagem teológica, Paulo Freire utiliza o conceito de “metanoia”, em que há a necessidade de compreendermos que precisamos mudar e nos transformar a cada dia, além do que, isso implica um desejo profundo de querer aprender.  Essa questão do aprendizado não é visto como uma condição absoluta, visto que na pedagogia freireana, apenas Deus possui o conhecimento absoluto, já o ser humano, é alguém que está em constante processo de ensino/aprendizagem. Daí porque, nas sociedades modernas não haverem mais condições para o processo educacional antigo e medieval em que apenas os mestres eram detentores do conhecimento, na sociedade atual, como é claramente vista na pedagogia empregada por Cristo, o conhecimento é crescente, difuso e proveniente do processo ensino/aprendizagem. Nesse ambiente, tanto mestres e alunos estão envolvidos no processo educacional em que ambos aprendem uns com os outros. A base para essa relação é o amor, pois a partir do momento que compreendemos que todos possuem capacidades inatas para a aprendizagem e para a co-criação, ou seja, somos parceiros de Deus nesse processo de criação e de transformação do mundo, acreditamos no ser humano como um ser transformador e capaz de grandes potencialidades, por meio disso, vemos que somos parceiros conjuntamente nesta obra de transformação da nossa sociedade e o amor é esse vínculo que nos une conjuntamente.
Para Freire, a Palavra não é apenas elemento subjetivo, é mais do que isso, é ação reflexiva dos pensamentos, sonhos e projetos do indivíduo. Ela na realidade é o elemento transformador de toda a realidade social. Ela não é um elemento utópico, mas sim, como aferido nos relatos de Cristo, reflexão daquilo que está ocorrendo na atualidade, fruto da interação do homem com o seu próximo e com as coisas que estão circulando à sua existência. Ela é, em última análise, o elemento transformador e modificador não só do indivíduo, mas principalmente de toda a sociedade.
Não atentar para essas características do teólogo-pedagogo, fará com que ocorra uma visão deturpada e equivocada dos frutos advindos de suas pesquisas no campo da educação. Estamos todos envolvidos nesse processo e não podemos nos distanciar das outras áreas do conhecimento para não cometermos os mesmos erros do passado de acharmos que sabíamos tudo, quando na realidade, verificamos cada vez mais que não sabemos nada! É a convivência com os demais homens que nos fará melhores indivíduos dentro da sociedade.

2 comentários:

  1. Fantástico teórico e prático da educação brasileira! Estudar Paulo Freire, ainda mais enquanto educadores, é algo fantástico e prazeroso. É, como ele sabiamente coloca, LIBERTADOR!

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  2. Gostei muito deste texto esclarecedor,nós precisamos sempre nos aprimorar dentro da área pedagógica e teologica,porque como foi citado no texto elas se completam.

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