A cultura é o conjunto de ideias,
conceitos, valores e costumes que circunscrevem uma determinada sociedade, ou
seja, é ela quem dá forma aos indivíduos de determinado grupo e vai determinar
o seu comportamento frente às situações vivenciadas e experimentadas dentro do
meio em que se está inserido. Tamanha é essa força e capacidade de influenciar
os comportamentos que, gradativamente essa postura acaba se interiorizando nas
pessoas que se transformam no modelo comportamental correto e verdadeiro de se
viver e que, em muitos casos acaba menosprezando e ridicularizando outras
formas sociais de comportamentos, tendo o seu modelo como o único a ser aceito!
O ser humano possui necessidades inerentes suas que nascem com o próprio
indivíduo como a necessidade de se alimentar, de descansar, de ser valorizado,
etc., no entanto, diferentes dos animais que constantemente agem por instintos,
o homem comporta-se mediante ao seu mundo cultural.¹ Daí porque, em geral, agimos e nos comportamos em
conformidade com a sociedade que estamos inserido e, muitas vezes, assimilamos
de forma tão profunda tal cultura que agimos “mecanicamente” com base em seus
conceitos e ideias. São tão profundas as marcas culturais que assimilamos que
os conceitos subjetivos da sociedade como valores sociais, morais e
institucionais acabam permeando e interiorizando-se na nossa maneira de ser,
pensar e agir. Usando como argumento desse conceito, vários pesquisadores
utilizam os exemplos de crianças lobos dentro do decorrer da história e outros
exemplos para validar essa faceta cultural dos seres humanos.
A
cultura não é inata, ela é criação humana e que, vai sendo criada conforme a
sociedade depara-se com suas dificuldades e para isso, todos cooperam juntos
para a resolução do problema e assim surge esse mundo cultural que é fruto da
criação humana. Como pode se perceber pelo enunciado do texto, embora não
esteja explícito, percebe-se indubitavelmente que é por meio do trabalho humano
na solução de suas dificuldades que se cria a cultura. Cada um que chega a esse
ambiente é influenciado por ele, mas também dentro de sua época se depara com
situações específicas para o seu momento e acaba também sendo influenciador das
mudanças que cabalmente acontecerão dentro dessa sociedade. Visto que a cultura
ela é dinâmica, consequentemente, todos os elementos culturais também serão
modificados e alterados no decorrer das gerações que se interligam umas com as
outras através dos elementos culturais que são passados e isso ocorre por meio
da linguagem que é o instrumento que perpetua e passa a cultura de uma geração
para a outra. É com base nessas mudanças que percebemos como o elemento
cultural também se insere no ambiente sociológico, visto que é impossível a
existência de um sem o outro. Sem dúvida alguma, a sociedade acampa os
elementos culturais pertencentes aos indivíduos que lhe compõem! Todos os
valores sociais carregam junto de si as marcas da cultura que lhe acompanham
passando a ser a conduta e a maneira adequada de se viver e se comportar,
trazendo consigo a postura de que quem não vive ou não se comporta desta forma
é alguém cólume e perigoso para o meio social, devendo todos se adaptar a tal
forma e maneira de comportar-se. O
próprio indivíduo carrega em si a idéia de que não viver com base nesses
padrões e ideias é um motivo correto e coerente para punir e, em casos
extremos, expurgar tal elemento que não se adéque a tal forma de conduta, para
isso, a própria sociedade cria padrões culturais para penalizar os infratores
e, isso também é uma criação social.
Os
valores sociais vão se estabelecendo de forma gradativa, visto que ele é um
elemento componente da cultura, dessa forma, ele não surge como fenômeno inato,
mas sim como elemento surgido do ambiente cultural e do processo que se vive em
cada momento e instante na história da sociedade. Com base nesse princípio,
percebe-se que de duas maneiras claras e distintas os valore sociais são
encampados e absorvidos nas sociedades: há aqueles que vão sendo passados de
geração a geração por meio da tradição, em que há um forte componente
conservador em que há uma clara e persistente resistência às mudanças
(característica do Misoneísmo), base das sociedades tradicionais em que a
própria sociedade cria meios para dificultar tais mudanças, em geral, nesses
modelos de sociedade há uma clara valorização do coletivo em detrimento dos
interesses individuais; já nas sociedades modernas, a principal característica
é a autonomia individual em que o tradicional é visto como elemento inibidor do
crescimento e desenvolvimento ético e moral, pois ambos são vistos e pensados
sob a óptica da valoração individual, nesse modelo a autonomia individual é
vista como superior a qualquer outro conceito, principalmente aos tradicionais.
Pois o modelo tradicional é visto como inibidor do desenvolvimento e o moderno
como o melhor padrão a ser seguido, pois assim, estará se libertando do modelo
arcaico tradicional e navegando em um modelo superior e desenvolvedor de toda e
qualquer cultura.
Indubitavelmente ambos os modelos tem os seus prós e
os seus contra, o correto e o coerente é buscar uma forma de unir o tradicional
e o moderno de forma que não esqueçamos as bases em que criamos e formamos
nossos valores sociais, mas também, não abrir
mão de discutir e repensar conceitos, ideias e valores que apenas repetimos
por repetir, pois eles já não servem e não se adéquam ao momento em que a
sociedade está!
¹
MUNDO CULTURAL é a parte da natureza que foi modificada pela ação humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário