quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO MESSIANISMO NO JUDAÍSMO ANTIGO



Numa avaliação mais apurada da posição de Charlesworth e de Horbury, que, embora  contrárias, não invalidam uma a outra; ambas são realistas, a partir do momento que se tem uma idéia das intenções de cada teólogo nas suas elaborações acerca do Antigo Testamento. Se o conceito do messias como um salvador do povo, aparece com maior força no imaginário coletivo e por conseqüência é retratado nos textos bíblicos nos tempos da sua compilação e composição (século IV a II a.C), como resposta a um apelo nacional pela opressão sofrida pelas sucessivas dominações que sofriam desde o cativeiro babilônico, é razoável entender que este conceito não se inicia de forma repentina, antes, conforme Horbury, é possivelmente iniciada em tempos anteriores e repassada pela tradição oral, até tomar peso de promessa através da escrita.
O povo já entendia o conceito de “escolhido por Deus” e “ungido”, herdadas dos povos vizinhos, principalmente ligada a monarquia, sendo os reis, os representantes de Deus na Terra. Anteriormente esta unção no povo hebreu, vai recair sobre o sacerdote e nos tempos dos juízes a homens e mulheres com capacidades especiais designados para  executar uma função em favor do povo escolhido. A partir deste apanhado de idéias, fica mais claro o entendimento de como com o passar dos anos e, principalmente com a tradição oral, esses conceitos de unção religiosa e política começaram a se confundir e foram unificadas numa única figura.
A questão messiânica está intimamente ligada a questão política e monárquica. A partir do momento que o povo tem um rei, centraliza nele as expectativas de que ele poderia fazer a nação alcançar um patamar mais elevado frente a outras nações. No período pós-cativeiro esta esperança na monarquia tem uma função diferenciada, pois o poder volta a mão dos sacerdotes e a restauração nacional é colocada a volta da monarquia e, principalmente, pelas  mãos da família de Davi. É interessante pensar que o messias nunca saiu  do campo humano, antes, ele seria um homem dotado de capacidades especiais por Javé para executar sua função.
A época de atuação deste messias, difere muito do conceito herdado e desenvolvido pelos escritores do Novo Testamento, daquilo que era comum, pois situam sua vinda julgadora no chamado “fim dos tempos” que é um conceito que não acha espaço no judaísmo arcaico, pois o surgimento do messias como juiz, apenas inicia um novo e glorioso período para o seu povo
Fica claro que o ajuntamento das idéias sobre um ungido que se levanta nos momentos de necessidade do povo, ou comunidade, é literalmente voltada à família de Davi e na esperança de um ressurgimento desta dinastia na liderança de uma Israel unificada, porém, como temos que levar em consideração que embora Jerusalém, após o reinado de Davi, passou a ser um ponto central, Israel e Judá ainda viviam sob o regime de comunidades que, em muitos casos, eram completamente independentes uma das outras e traziam uma série de influências, por isso não é de se estranhar que o conceito messiânico tenha sofrido mutações e tenha evoluído a um conceito não só político ou militar, mas tenha assumido um cunho sobrenatural que, de alguma forma, foi um fator importante para os adeptos do cristianismo verem em Jesus a figura esperada.


Atividade realizada pelo aluno do Ceforte/Cascadura: Wanderson Lima Soares

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