Numa avaliação mais apurada da posição de Charlesworth
e de Horbury, que, embora contrárias,
não invalidam uma a outra; ambas são realistas, a partir do momento que se tem
uma idéia das intenções de cada teólogo nas suas elaborações acerca do Antigo
Testamento. Se o conceito do messias como um salvador do povo, aparece com
maior força no imaginário coletivo e por conseqüência é retratado nos textos
bíblicos nos tempos da sua compilação e composição (século IV a II a.C), como
resposta a um apelo nacional pela opressão sofrida pelas sucessivas dominações
que sofriam desde o cativeiro babilônico, é razoável entender que este conceito
não se inicia de forma repentina, antes, conforme Horbury, é possivelmente
iniciada em tempos anteriores e repassada pela tradição oral, até tomar peso de
promessa através da escrita.
O povo já entendia o conceito de “escolhido por Deus”
e “ungido”, herdadas dos povos vizinhos, principalmente ligada a monarquia,
sendo os reis, os representantes de Deus na Terra. Anteriormente esta unção no
povo hebreu, vai recair sobre o sacerdote e nos tempos dos juízes a homens e
mulheres com capacidades especiais designados para executar uma função em favor do povo escolhido.
A partir deste apanhado de idéias, fica mais claro o entendimento de como com o
passar dos anos e, principalmente com a tradição oral, esses conceitos de unção
religiosa e política começaram a se confundir e foram unificadas numa única
figura.
A questão messiânica está intimamente ligada a questão
política e monárquica. A partir do momento que o povo tem um rei, centraliza
nele as expectativas de que ele poderia fazer a nação alcançar um patamar mais
elevado frente a outras nações. No período pós-cativeiro esta esperança na
monarquia tem uma função diferenciada, pois o poder volta a mão dos sacerdotes
e a restauração nacional é colocada a volta da monarquia e, principalmente,
pelas mãos da família de Davi. É
interessante pensar que o messias nunca saiu
do campo humano, antes, ele seria um homem dotado de capacidades
especiais por Javé para executar sua função.
A época de atuação deste messias, difere muito do
conceito herdado e desenvolvido pelos escritores do Novo Testamento, daquilo
que era comum, pois situam sua vinda julgadora no chamado “fim dos tempos” que
é um conceito que não acha espaço no judaísmo arcaico, pois o surgimento do
messias como juiz, apenas inicia um novo e glorioso período para o seu povo
Fica claro que o ajuntamento das idéias sobre um
ungido que se levanta nos momentos de necessidade do povo, ou comunidade, é
literalmente voltada à família de Davi e na esperança de um ressurgimento desta
dinastia na liderança de uma Israel unificada, porém, como temos que levar em
consideração que embora Jerusalém, após o reinado de Davi, passou a ser um
ponto central, Israel e Judá ainda viviam sob o regime de comunidades que, em
muitos casos, eram completamente independentes uma das outras e traziam uma
série de influências, por isso não é de se estranhar que o conceito messiânico
tenha sofrido mutações e tenha evoluído a um conceito não só político ou
militar, mas tenha assumido um cunho sobrenatural que, de alguma forma, foi um
fator importante para os adeptos do cristianismo verem em Jesus a figura
esperada.
Atividade realizada pelo aluno do Ceforte/Cascadura: Wanderson Lima Soares
Nenhum comentário:
Postar um comentário