terça-feira, 13 de novembro de 2012

ACONSELHAMENTO PASTORAL.




A preocupação com a cura da saúde psíquica dos indivíduos é mais antiga do que o próprio cristianismo, já encontramos entre os escritos platônicos e depois com os gnósticos uma preocupação em se tratar as feridas causadas no interior dos indivíduos. Há entre os gregos o conceito de o sucesso é advindo de uma harmonia entre as diversas áreas da vida humana, ou seja, o indivíduo equilibrado é aquele em que se encontra plenamente harmonizado a vida física e a vida espiritual. Enquanto claramente no mundo grego há um dualismo antropológico, no mundo judaico não, há uma concepção monista em que o ser humano é visto de forma integral em que sua relação com Deus é requisito básico para se determinar a harmonia de sua vida! No Novo Testamento, verificamos a influência que esses dois mundos tiveram na formulação dos conceitos na vida da Igreja: ela avança de um pensamento judaico e abarca em seu conteúdo as ideias gregas gradativamente. Vejamos o exemplo do Reino de Deus que se modifica de um ambiente terreno do pensamento judaico para um reino celestial como consequência da influência grega. A Igreja Antiga e Medieval recebe grande influência da figura de Agostinho de Hipona em que fundamenta seus conceitos e padrões nas convicções filosóficas platônicas em que o metafísico tem primazia sobre o físico, o espiritual prevalece sobre o natural e com isso, o aconselhamento pastoral é exercido pelos bispos, presbíteros e pastores ligados quase que exclusivamente a ideia de que sua finalidade é acalmar a alma angustiada dos males da vida com a expectativa de que no mundo vindouro Deus tem uma morada de paz para cada um dos seus, um exemplo claro é a obra “A cidade de Deus” de Santo Agostinho; além disso, imperava uma concepção de que essa faculdade estava especificamente nas mãos da liderança episcopal, inclusive com o ideal de que os tais podem até mesmo perdoar os pecados praticados e que com a prática de penitências esses pecados seriam perdoados!  Já a reforma, com base nas próprias experiências de Lutero, ele compreende que a prática das penitências não pode e é ineficaz para aliviar o homem das consequências dos seus pecados, para tal, basta apenas ele se apropriar da Graça de Deus. Quando adentramos ao mundo moderno, inicialmente, temos o movimento pietista na Alemanha, o movimento puritano inglês e o metodismo responsabilizando todos os cristãos na função de aconselhar não apenas os cristãos, como também os não cristãos, entendendo e compreendendo a máxima luterana e reformada de que todos os cristãos são “sacerdotes”! Ou seja, a responsabilidade de cuidar, evangelizar e discipular as pessoas são direcionadas a todos os membros da comunidade cristã, em que o tratamento terapêutico é conduzido de forma em que se escutam as pessoas no transcorrer da vida em comunidade.
Já no ambiente secular, a base do aconselhamento científico se fundamenta nas bases do racionalismo e do empirismo em que tal atividade precisa ser sustentada em bases já não bíblicas, mas sim em fundamentos científicos. Esse era o lema do liberalismo europeu dos séculos XVIII e XIX e que tiveram que ser repensados nos inícios do século XX, visto que toda “profecia científica” desse período declarava que a ciência conduziria a sociedade para um bem estar coletivo, mas as duas Grandes Guerras desse período fizeram com que se repensasse tal máxima, buscando novas explicações para as realidades vivenciadas. Dentro do ambiente americano pós II Guerra Mundial, estabelece-se o conceito e a promoção de que é fundamental a utilização da Ciência Psicologia como meio auxiliar para que as comunidades cristãs venham alcançar satisfatoriamente sua missão dentro do ambiente moderno. No ambiente da América Latina, devido até a sua formação histórica inicial por meio das comunidades de imigrantes, o conceito de aconselhamento pastoral obedecia aos ideais presentes no contexto do ambiente europeu para tal atividade; já no início do século XX, as missões americanas de estabelecimento não criam um modelo específico para a localidade, ainda empregando modelos que são estranhos à realidade cultural, mas se fundando nos moldes americanos para tal. Somente no pós II Guerra, com o aparecimento da Teologia da Libertação é que, com base na teologia dos oprimidos e injustiçados, aparece o aconselhamento pastoral ligado e vinculado àqueles que vivem e habitam dentro do ambiente latino, esse modelo de aconselhamento é claramente verificado dentro das comunidades de bases que realizam um trabalho de oitiva comunitário e com movimentos e atividades que possam auxiliar os indivíduos a confrontarem-se com suas lutas e dificuldade que são compartilhados entre todos que vivem na mesma realidade.

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