O estilo literário prova que Pedro, embora não possuísse a cultura de Paulo (At 4.13), era homem prático que sabia produzir em poucas palavras uma obra prima de sabedoria e de edificação.
A autoria:
Foi escrita pelo apóstolo Pedro de Babilônia, 1.1; 5.13.
A Chave:
O autor dirigia-se aos cristãos dispersos pela província da Ásia Menor. Que é para edificação dos convertidos não somente entre os judeus mas, também, entre os gentios, se vê em 2.10. Fazia mais ou menos 34 anos que foi fundada a Igreja de Cristo. Os fiéis já sofreram perseguição em muitos lugares, mas agora, depois do grande incêndio de Roma, a igreja passa a sua primeira grande provação mundial – um fogo ardente que surge no meio deles, 4.12. O propósito da epístola é afirmar os crentes na fé, dirigir a vida e conforta-los no sofrimento.
As divisões:
1. O sofrimento e o comportamento do crente à luz da salvação, 1.1 a 2.8.
2. A vida do crente à luz do sacrifício de Cristo, 2.9—4.19.
3. O serviço do crente à luz da vinda do Supremo Pastor, 5.1-14.
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A primeira epístola do apóstolo Pedro, das muitas alusões aos sofrimentos a que eram submetidos os irmãos, pode-se deduzir que esta epístola foi escrita em tempo de perseguição com o fito de confortar os fiéis e incita-los a permanecerem firmes na fé. A esta, que é a principal finalidade da Epístola, juntaram-se muitas recomendações e exortações a uma vida santa, digna da condição de cristãos.
1ª Parte:
Exortação geral a uma vida santa, digna da condição de cristãos, 1.2,10,13.
E em particular a particularidade fraterna, 1.22-25.
2ª Parte
Como proceder com relação aos pagãos, especialmente para com os perseguidores, 2.11-4.6.
Às autoridades, 2.11-17;
Aos patrões, 2.18-25;
Ao cônjuge, 3.1,17;
Ao próximo em geral, 3.8-12;
Paciência nas perseguições, 3.13-22;
Fuga dos vícios peculiares aos gentios, 4.1-6.
3ª Parte:
Vida interna da comunidade em vista do juízo divino, 4.7-5.11;
Amor e auxilio mútuo (4.7-11); coragem nas perseguições, 4.12-19;
Deveres do presbítero para com os fíeis e vice-versa, 5.1-7;
Vigilância para todos, 5.8-11.
Conclusão:
Saudações e votos, 5.12-14.
Como destinatário da Epístola são indicados, no cabeçalho, aos fiéis dispersos nas regiões situadas no centro e ao norte da Ásia Menor e convertidos da gentilidade em grande parte aí.
Os cristãos eram aí mais numerosos do que em outros lugares, tinham mais que sofrer, tanto da parte do povo como dos magistrados pagãos. Os vários indícios convergem para os tempos de que seguiram imediatamente a perseguição de Nero, isto é, por volta do ano 64 d.C.
EXORTAÇÕES AOS FIÉIS
A santidade, 1.13-21.
Com mente alerta e sóbria, os fiéis devem separar-se dos seus antigos hábitos de vida, viver uma vida de santidade à espera da vinda do Senhor.
A um amor intenso e sincero para com os irmãos, 1.22-25.
Este amor seguir-se-á como resultado natural da purificação da alma pelo Espírito Santo e do novo nascimento.
A um desenvolvimento espiritual, 2.1,2.
Como a criança recém-nascida instintivamente deseja alimentar-se com leite, assim os regenerados devem ter um desejo ardente pelo ensino não adulterado da Palavra de Deus, a doçura da qual já experimentaram.
A aproximar-se de Cristo, a pedra fundamental do grande templo espiritual do qual são pedras vivas, 2.3-10.
Os crentes no seu conjunto formam um grande templo (Ef 2.20-22), do qual eles mesmos são o sacerdócio e onde oferecem sacrifícios espirituais (compare com hebreus 13.10,15). A relação que Israel, como terrestre, tinha com Deus, eles – os gentios como povo terrestre, têm com ele, porque são um povo escolhido, uma nação santa, o tesouro peculiar de Deus (v.9); compare com Deuteronômio 7.6.
A viver uma vida irrepreensível, para desarmar o preconceito e a inimizade dos pagãos que o cercam, 2.11,12.
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SUBMISSÃO DE TODOS OS CRISTÃOS AO GOVERNO
2.13-17
Era uma lição tão necessária para os cristãos desse tempo, que Pedro a ensinou tão energicamente enquanto o próprio Paulo. Era necessário, mais do que nunca, numa época em que revoluções perigosas se concentraram na Judéia e quando qualquer pobre e escravo cristão, submetido ao martírio ou tortura, facilmente podia aliviar a tensão de sua alma, fazendo denuncias apocalípticas de condenação repentina contra os crimes.
Submissão dos servos aos seus senhores, 2.18-25.
Os servos devem ser obedientes até aos seus senhores injustos e duros. Depois de terem sofrido em silêncio a injustiça, estarão glorificando a Deus, e serão verdadeiros seguidores de Cristo, que não se defendeu mas entregou a sua casa a Deus o justo Juiz.
Submissão das mulheres aos esposos, 3.1-7.
As mulheres cristãs em relação aos seus esposos pagãos que não aceitam a Palavra escrita, nem crêem no testemunho falado, podem ser ganhos pelo testemunho silencioso e eficaz de uma vida santa. Ao proceder assim, as mulheres estarão seguindo o exemplo das mulheres santas da antiguidade.
Amor fraternal, 3.8-12.
Segue-se um apelo ao amor fraternal com a prática de suas virtudes, onde exige da pessoa cristã uma entrega pessoal e total nas mãos de Deus. Não pode ser de outra maneira, pois a prática do amor é uma atitude de fé e entrega: ter um mesmo ânimo, ser misericordioso, não devolver o mal com o mal e refrear a língua são virtudes associadas a um espírito reto diante de Deus em meio ao social que vivemos.
Ao suportar o mal com paciência, vv.13-16.
Se estão fazendo boas obras, não tem nada que temer, v.13. Assim, se sofrerem inocentemente devem recordar que se promete uma bênção àqueles que sofrerão por causa da justiça (v.14 compare Mt 5.11,12). A santidade interna do coração e prontidão interior na defesa de sua fé no espírito de brandura, juntamente com a boa consciência, finalmente introduzirão os pagãos a envergonhar-se de suas falsas acusações, vv15-16. Na questão de sofrer injustamente, o crente fiel tem exemplo de Cristo, que como único sem pecado, sofreu pelos injustos. Mas os seus sofrimentos foram seguidos de triunfos e glorificação porque está agora sentado à destra de Deus, vv.18-20. Da mesma maneira, os sofrimentos dos cristãos serão seguidos pela glória.
Morte ao pecado, 4.1-6.
Como Cristo morreu para a vida terrestre e se levantou de novo para a vida celeste, assim os cristãos devem considerar-se mortos à vida anterior de pecados e vivos para uma vida nova de santidade, (vv.1-3; compare com Rm 6). Os pagãos admiram-se de sua maneira de viver e falam mal deles. Mas, finalmente, o bem triunfará quando o Senhor julgar os vivos e os mortos, vv.4-6.
Exortações finais do apóstolo, cap. 5.
Aos pastores, 5.1-4.
Aos moços, vv.5-6.
À igreja em geral, 6.6-11.
Saudações, vv.12-14.
Fonte: IBSINTERNATIONAL BIBLICAL SEMINARY, INC.
Diretor: Dr. Pedro Quezada
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