Desde
o seu início o cristianismo tem sido uma religião que se preocupa com o bem
estar do indivíduo dentro da sociedade, basta observar os textos bíblicos mais
antigos do Novo Testamento em que já aparecem interesses e preocupações com os
menos favorecidos dentro da comunidade cristã e, uma atitude filantrópica para
com estes como sendo uma conduta adequada daqueles que vivem a fé cristã. Os
relatos sagrados e os documentos dos pais da igreja corroboram essa prática
como sendo elemento constante daqueles que fazem parte da Igreja; as situações
e as circunstâncias experimentadas pelos primeiros cristãos diante de uma
sociedade que os considerava como “lixo” bem como aos pobres e inferiores desta
sociedade, além do que, os próprios ensinamentos de Cristo visavam socorrer
essa grande parcela da sociedade das consequências malévolas dela. Parece que,
muitas das práticas empregadas pela Igreja, tinham seu correlato imediato
ligado as praticas efetuadas pelos judeus dentro da esfera da sinagoga, ou
seja, além da estrutura eclesiástica da sinagoga, também a postura de socorro
aos irmãos judeus por aqueles em melhores condições, também esse modelo é
empregado pela Igreja como conduta aos irmãos em necessidades que,
posteriormente, mui provavelmente embasado nos ensinos de Cristo, estende-se a
todas as pessoas da sociedade (como no caso da Parábola do Bom Samaritano).
Em
seu artigo o professor Rodolfo Gaede Neto elenca as principais formas de
execução da solidariedade cristã presente nos textos sagrados e nos documentos
históricos da Igreja, como por exemplo, O Didaquê, História Eclesiástica,
História dos Mártires, etc. que demonstram esses modelos totalmente presentes
na vida desta Igreja ainda dentro do ambiente judaico em suas origens e se
desenvolvendo como postura cristã dentro do ambiente grego-romano de uma
conduta de complacência para com os irmãos e aos próximos! O ágape aparece nas
comunidades paulinas como sendo uma prática comum e cotidiana da vida da Igreja
e que, embora tenha ocorrido um desvirtuamento causado por condutas egoístas e
individualista, entretanto, a gênesis da “comunhão” remete a solidariedade que
deve haver entre todos os cristãos em que, inicialmente ele é parte da
Eucaristia e posteriormente ele se separa do ato litúrgico, mas permanece como
sendo um momento de confraternização e partilha entre todos os membros da
comunidade cristã. Em uma sociedade marcada pela situação epidêmica visto que
as condições preventivas de enfermidades eram praticamente nulas e as condições
sanitárias inexistentes, principalmente os mais pobres (que eram a maioria da
população) sofriam gravemente as consequências desses males e, em grande escala
muitos cristãos eram afetados por essas situações, o cristianismo buscou cuidar
desses indivíduos que eram efetivamente largados a própria sorte e tinham como
fim a morte. Vislumbra-se nesse ambiente uma atitude efetiva de não apenas
cuidar dos enfermos, mas principalmente de demonstração de preocupação com o
indivíduo como alguém importante dentro da sociedade, mas se verifica nesse
ambiente a preocupação da Igreja com a dignidade do ser humano e, em sua
atitude de sepultar os mortos, mesmo sem saber ou ser algo formalmente
planejado, a Igreja estava ajudando na eliminação dos focos causadores da
disseminação das pestes presentes nestes momentos da história. A hospitalidade
é uma característica natural do mundo oriental, principalmente do mundo judaico
e, dentro desse ambiente as comunidades cristãs foram tornando essa postura um
exemplo claro da conduta cristã, inclusive com tal postura foi possível as
comunidades receberem e acolherem os apóstolos e discípulos em suas viagens e
estabelecimento e fortalecimento dos primeiros núcleos cristãos que estavam em
fase embrionária; verifica-se que era tão forte essa característica que se
tornou característica inata daqueles que almejavam o episcopado e o diaconato. A
questão dos recursos da Igreja que, embora hoje ocorra bastante discussão em
torno do fato, é visível que nas primeiras comunidades, os recursos financeiros
estavam disponíveis para o socorro dos mais débeis e frágeis dentro da
comunidade e também para a própria subsistência da comunidade cristã. Esses
recursos eram administrados pelos diáconos visando socorrer as classes
empobrecidas dentro do ambiente cristão, visando atenuar os sofrimentos
causados pela perseguição e a falta do mantenedor da família causada por sua
morte ou por sua prisão, preocupando-se a Igreja em suprir a falta deste dentro
do ambiente comunitário. O batismo que era a maneira de inserção dentro da
comunidade cristã funcionava no período de catequese como meio de massificar na
mente dos neófitos da sua responsabilidade para com o próximo e assim ajudou a
desenvolver na mentalidade do cristianismo essa responsabilidade para com os
necessitados dentro da sociedade como sendo uma responsabilidade de todo
cristão.
Sem
dúvida alguma, essa postura e o emprego dessas práticas minaram gradativamente
as resistências que havia a nova fé e, foi criando no ideário geral da época
uma postura diferente em relação ao cristianismo que, gradativamente foi
deixando de ser uma religião perseguida para tornar-se “A Religião” do Império!
É momento da Igreja redescobrir suas origens e lembrar-se que nossa função
nesse mundo é divulgar e disseminar a justiça que emana da Palavra de Cristo
que libera o homem de todas as suas cadeias tornando-o um ser mais pleno em
toda a sua existência. Hoje, no século XXI, a missão cristã que não agregar uma
Ação Social eficaz e plena redundará em um estrondoso fracasso de sua obra,
lembrando que é função de todos os cristãos a diaconia que coloca o ser humano
que alguém de valor incalculável para Deus.
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