quinta-feira, 5 de julho de 2012

O INÍCIO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL.



A Europa no final do século XV e início do XVI estava passando por transformações intensas em todas as áreas, pois a Reforma Protestante e as descobertas de novas terras estavam mudando completamente a estrutura europeia desse período, em que buscando expansão comercial e disputas entre as nações pela hegemonia marítima e comercia do período. Espanha e Portugal aparecem como padroados católicos com a intenção de divulgar e disseminar a fé católica pelo novo mundo; já os Estados protestantes que estavam em busca de solidificação de suas novas estruturas, rivalizam com essas duas nações pelo desenvolvimento da “nova fé!” Além dessa disputa expansionista, as guerras no continente também se incidem como causadora do desejo de se buscar às novas terras como a “Canaã” para os novos cristãos protestantes que, ao não encontrar ambiente adequado na Europa para a confissão de sua nova fé, migram para essas novas terras com a esperança de uma vida mais salutar e saudável e manifestação prática de sua fé. Já bem cedo, devido a contra reforma no Concílio de Trento, encontramos nas disputas marítimas e comercias entre as grandes potências, faz com que ocorra o êxodo de protestantes para o território americano, tanto por ingleses ao Norte e franceses e o holandeses ao Sul mas, devido à fraca intenção de espanhóis de desbravarem às terras do norte, determinou em muito o sucesso protestante inglês nesta localidade.
Nos três primeiros séculos, a presença protestante no território brasileiro se deu de maneira ocasional e insidiosa em que, aventureiros europeus buscavam uma maneira de enriquecer através das riquezas descobertas no novo território, entretanto, a primeira experiência de implantar uma colônia protestante no Brasil se deu no território da Guanabara entre 1555-1560 quando o vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon tomou posse desse território coma finalidade de implantar a França Antártica em que ele se autoproclamou rei das Américas. Há um mesclo de interesses na implantação dessa colônia pelo vice-almirante, das quais as principais são os interesses mercantis e expansionistas, bem com a finalidade de acomodar os protestantes franceses que necessitavam de abrigo para a perseguição que se efetuava no território Europeu. O primeiro culto protestante ocorreu no Brasil em 21 de Março de 1557, culto de confissão reformada, pois poucos dias antes haviam chegado uma comitiva ao Brasil, no território de Villegaignon, protestantes oriundos de confissão reformada. Entretanto, por não concordar com a confissão de fé nova estabelecida, Villegaignon encerra essa primeira tentativa daqueles chamados huguenotes dos solo brasileiro. Da mesma forma que os huguenotes no sudeste, os reformados holandeses no Nordeste buscavam expansão de suas fronteiras comerciais e a busca do monopólio sobre as riquezas oriundas nas novas terras. O que facilitou o estabelecimento das colônias holandesas em solo brasileiro se deu pela união das forças holandesas e inglesas quebrando o domínio espanhol sobre as águas do atlântico, isso se efetuou por meio da implantação do protestantismo reformado em nossas terras. Uma característica interessante desse protestantismo foi a mesma postura estabelecida na metrópole de tolerância religiosa ao judaísmo e ao catolicismo romano. Verificamos que esse projeto ganha ênfase com a chegada do príncipe Jean Maurice Nassau-Siegen e, através de sua personalidade, ele conseguiu canalizar as forças do novo território ao seu projeto de desenvolvimento de transformar as novas terras em capital. Foram feitas várias construções, entre eles de templo nos moldes europeus no Recife, São Luís e outras localidades do Nordeste. Já se percebe desde esta época uma estrutura paroquial igual àquelas presentes no território holandês dentro da igreja reformada holandesa.
Indubitavelmente, verificamos uma postura de interesses mercantis prevalecendo sobre a intenção do estabelecimento de condições na nova terra para que os colonos recém chegados ao nosso território e também aos nativos a imposição à força tanto da fé católica quanto protestante ao nosso território. É tímida e ocasional a intenção protestante dentro dessa realidade, se tornando mais definido a manifestação da presença católica dentro desse período, porém, quando se massifica a presença protestante ao final do século XIX e XX, verificamos à mesma posição de dominação e imposição das culturas dominantes sobre as culturas dominadas, em que percebemos claramente uma atitude etnocêntrica por parte dos “evangelizadores superiores” para com os evangelizados dominados. Claramente, verificamos na atualidade uma postura da igreja brasileira influenciada por aqueles que nos converteram a Cristo de forma em que assimilamos que o “seu evangelho” é melhor para qualquer realidade cultural. Repetimos a mesma postura diante daqueles que são alcançados por nós lhes apresentando um evangelho “ocidental” que se manifesta como sendo o próprio evangelho de Cristo! Precisamos olhar para os erros cometidos nas primeiras experiências cristãs para não cairmos na cilada de imaginarmos, como os americanos imaginaram, que o seu modelo de vida é o próprio evangelho de Cristo para as nações. Não dá para cometermos os erros do passado na atualidade de maneira que seja ineficaz a nossa missão de divulgarmos o verdadeiro evangelho de Cristo à humanidade.

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