A
Europa no final do século XV e início do XVI estava passando por transformações
intensas em todas as áreas, pois a Reforma Protestante e as descobertas de
novas terras estavam mudando completamente a estrutura europeia desse período,
em que buscando expansão comercial e disputas entre as nações pela hegemonia
marítima e comercia do período. Espanha e Portugal aparecem como padroados
católicos com a intenção de divulgar e disseminar a fé católica pelo novo
mundo; já os Estados protestantes que estavam em busca de solidificação de suas
novas estruturas, rivalizam com essas duas nações pelo desenvolvimento da “nova
fé!” Além dessa disputa expansionista, as guerras no continente também se
incidem como causadora do desejo de se buscar às novas terras como a “Canaã”
para os novos cristãos protestantes que, ao não encontrar ambiente adequado na
Europa para a confissão de sua nova fé, migram para essas novas terras com a
esperança de uma vida mais salutar e saudável e manifestação prática de sua fé.
Já bem cedo, devido a contra reforma no Concílio de Trento, encontramos nas
disputas marítimas e comercias entre as grandes potências, faz com que ocorra o
êxodo de protestantes para o território americano, tanto por ingleses ao Norte
e franceses e o holandeses ao Sul mas, devido à fraca intenção de espanhóis de
desbravarem às terras do norte, determinou em muito o sucesso protestante
inglês nesta localidade.
Nos
três primeiros séculos, a presença protestante no território brasileiro se deu
de maneira ocasional e insidiosa em que, aventureiros europeus buscavam uma
maneira de enriquecer através das riquezas descobertas no novo território,
entretanto, a primeira experiência de implantar uma colônia protestante no
Brasil se deu no território da Guanabara entre 1555-1560 quando o vice-almirante
Nicolas Durand de Villegaignon tomou posse desse território coma finalidade de
implantar a França Antártica em que ele se autoproclamou rei das Américas. Há
um mesclo de interesses na implantação dessa colônia pelo vice-almirante, das
quais as principais são os interesses mercantis e expansionistas, bem com a
finalidade de acomodar os protestantes franceses que necessitavam de abrigo
para a perseguição que se efetuava no território Europeu. O primeiro culto
protestante ocorreu no Brasil em 21 de Março de 1557, culto de confissão
reformada, pois poucos dias antes haviam chegado uma comitiva ao Brasil, no
território de Villegaignon, protestantes oriundos de confissão reformada.
Entretanto, por não concordar com a confissão de fé nova estabelecida,
Villegaignon encerra essa primeira tentativa daqueles chamados huguenotes dos
solo brasileiro. Da mesma forma que os huguenotes no sudeste, os reformados
holandeses no Nordeste buscavam expansão de suas fronteiras comerciais e a
busca do monopólio sobre as riquezas oriundas nas novas terras. O que facilitou
o estabelecimento das colônias holandesas em solo brasileiro se deu pela união das
forças holandesas e inglesas quebrando o domínio espanhol sobre as águas do
atlântico, isso se efetuou por meio da implantação do protestantismo reformado
em nossas terras. Uma característica interessante desse protestantismo foi a
mesma postura estabelecida na metrópole de tolerância religiosa ao judaísmo e
ao catolicismo romano. Verificamos que esse projeto ganha ênfase com a chegada
do príncipe Jean Maurice Nassau-Siegen e, através de sua personalidade, ele
conseguiu canalizar as forças do novo território ao seu projeto de
desenvolvimento de transformar as novas terras em capital. Foram feitas várias
construções, entre eles de templo nos moldes europeus no Recife, São Luís e
outras localidades do Nordeste. Já se percebe desde esta época uma estrutura paroquial
igual àquelas presentes no território holandês dentro da igreja reformada
holandesa.
Indubitavelmente,
verificamos uma postura de interesses mercantis prevalecendo sobre a intenção
do estabelecimento de condições na nova terra para que os colonos recém
chegados ao nosso território e também aos nativos a imposição à força tanto da
fé católica quanto protestante ao nosso território. É tímida e ocasional a
intenção protestante dentro dessa realidade, se tornando mais definido a
manifestação da presença católica dentro desse período, porém, quando se
massifica a presença protestante ao final do século XIX e XX, verificamos à
mesma posição de dominação e imposição das culturas dominantes sobre as
culturas dominadas, em que percebemos claramente uma atitude etnocêntrica por
parte dos “evangelizadores superiores” para com os evangelizados dominados.
Claramente, verificamos na atualidade uma postura da igreja brasileira
influenciada por aqueles que nos converteram a Cristo de forma em que
assimilamos que o “seu evangelho” é melhor para qualquer realidade cultural.
Repetimos a mesma postura diante daqueles que são alcançados por nós lhes
apresentando um evangelho “ocidental” que se manifesta como sendo o próprio
evangelho de Cristo! Precisamos olhar para os erros cometidos nas primeiras
experiências cristãs para não cairmos na cilada de imaginarmos, como os
americanos imaginaram, que o seu modelo de vida é o próprio evangelho de Cristo
para as nações. Não dá para cometermos os erros do passado na atualidade de maneira
que seja ineficaz a nossa missão de divulgarmos o verdadeiro evangelho de
Cristo à humanidade.
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