quinta-feira, 5 de julho de 2012

O PROCESO DE EVANGELIZAÇÃO DO BRASIL!



O processo de evangelização no Brasil é similar ao que foi adotado pelas grandes potências do final da Idade Média e início da Idade Moderna que eram Portugal e Espanha, ambas as nações despontam como difundidora e propagadora das missões católicas pelo mundo então descobertos. Influenciadas pelas ideias europeias de soberania e supremacia cultural, conceitos que ainda percebemos presentes em muitas nações desse continente, o paradigma presente em ambos define que os habitantes das novas terras descobertas, e isso também é utilizado como propaganda para a penetração em solo africano, estão em uma condição primitiva de sociedade e cabe à evangelização e catequese desses povos para “salvá-los” da ignorância e desse modelo de vida subdesenvolvido. O modelo Tabula Rasatransmite exatamente essa ideia em que procura se criar dentro do ambiente evangelizado o modus vivendus do ambiente europeu, há de se ressaltar que as missões protestantes do século XIX e XX carregam implicitamente a mesma ideologia em que o modelo ocidental de cultura, principalmente a americana, é vista como a conduta adequada de vida social e cristã. Em que, não importa a metodologia empregada, pois até mesmo se a força for necessária ela deve ser empregada para que as missões alcancem o seu objetivo que é o de transplantar o modelo europeu para as novas terras e, foi assim exatamente o início do processo em terras brasileiras.  Encontramos também no processo de evangelização do Brasil a teoria da adaptação, que defende a utilização e o emprego dos elementos culturais dos povos a serem alcançados como estratégia para aproximar-se deles e eliminar a aversão e as diferenças culturais que o contato entre ambas as culturas tendem a criar, muito embora, a intenção seja aproximação para a transformação, ou seja, procura-se criar condições de aproximação para depois efetuar as mudanças que a sociedade europeia tem para implementar na nova sociedade. Já o modelo empregado designado de “De único Modo”, defendia que a missão cristã não pode estar a serviço de interesses coloniais ou quaisquer outros que não sejam de ordem cristã e que os indígenas e os africanos devem ser catequisados para que possam efetuar a obra de catequese entre os seus e também alcançar outros. Em linguagem moderna, esse modelo seria designado de “missões autóctones”.
Em nome de uma vontade divina de que Portugal como nação próspera e desenvolvida deveria levar a fé cristã todos os cantos do mundo, caberia a ela a incumbência de implantar o Reino de Deus neste mundo, essa era a missão do povo lusitano com grande navegador e portentosa nação europeia, aliado que todos os meios necessários que se fizessem deveriam ser utilizados para o alcance desse fim, mesmo que necessário fosse utilizar o emprego da força física. Era notória a lenda de que o Evangelho havia alcançado todas as nações e, tal tese era empregada como propaganda expansionista portuguesa para que ocorresse a universalidade do cristianismo, de modo que a catequese deveria ser empregada para se obter tal objetivo e que, até mesmo a força deveria ser empregada para a obtenção de tal finalidade. Entretanto, há que se ressaltar que algumas missões e métodos empregados no solo brasileiro divergiam desse modelo avassalador e europeu de doutrinação, muitas experiências de convivência e adaptação aos indígenas foram empregadas com sucesso em nosso território entendendo, como diria Paulo Freire que “a “evangelização” é uma via de duas rotas”, aonde quem vai aprende com aqueles que se pretende alcançar! Entretanto, mediante ao acordo firmado entre Roma e a Coroa Portuguesa, cabia ao Rei português o padroado dos territórios colonizados por Portugal em que o clero local e as Ordens presentes em seus territórios estavam submetidos diretamente à figura do soberano. Com isso, a fé estava a serviço dos interesses políticos e econômicos de Portugal. Através desse modelo, a catequese visa alcançar os objetivos políticos e não os objetivos da fé, daí porque, verificamos nesse período que as mudanças cíclicas da economia convergem para as mudanças ocorridas também no âmbito do estabelecimento do cristianismo em solo brasileiro. Por isso, verificamos na história do padroado em solo nacional mudanças nas posturas em relação as companhias da fé que aqui se estabeleciam e, por interesses diferentes da Coroa portuguesa, elas eram imediatamente expulsas de nosso território e que, algumas estavam em pleno desenvolvimento de atividades, mas que por causa dos interesses políticos, sua presença não era mais necessária.
Sem dúvida alguma, podemos apreender muito com o estabelecimento do cristianismo em nossa terra, pois, como já foi dito na atividade passada, a história nos ensina a compreendermos muito do momento atual que vivemos. Infelizmente, o cristianismo europeu e americano foi contaminado por alguns conceitos malévolos do iluminismo e do positivismo em que defendiam que todos os meios eram legitimamente corretos para se alcançar a finalidade de cristianizar os povos e que,uma dessas formas era o emprego da força visando conduzi-los ao modelo ocidental de cultura, por isso, precisamos conviver com a mancha no nosso passado cristão de milhões de indígenas, aborígenes e africanos que foram dizimados em nossa história com a desculpa de que estávamos conduzindo-os da ignorância para o conhecimento da verdade. Uma verdadeira postura etnocêntrica que não pode mais fazer parte de nossas atitudes, pois, toda cultura é rica em si e digna de receber a mensagem de salvação por meio de Jesus Cristo.

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