sábado, 29 de junho de 2013

Caminho das Nações!

Sem você, não  dava! Sem você, não dará!


Caros parceiros, gente boa de Deus!
Hoje tomei um baita susto!
Terminamos as cotações orçamentárias para os translados aéreos rumo ao Senegal (meninos-talibés) e Nigéria (crianças-bruxas), e vamos gastar mais de 40 mil reais só com aviões, e pelos trechos mais baratos!
Precisamos muito do apoio de quem puder nos apoiar NESSA HORA, doando o que puder fazê-lo O QUANTO ANTES para permitir nossa viagem, a Missão Oásis no Deserto, que vai inaugurar simultaneamente dois orfanatos do CAMINHO-NAÇÕES em solo africano...
Não imaginávamos NUNCA que isso seria possível. Mas Deus nos deu essas crianças, depois de 3 anos trabalhando em meio à lágrimas e milagres no resgate dos pequeninos vítimas do pior tipo de abandono, miséria, fome, doenças, violência, abuso sexual e escravidão, além da estigmatização mais impressionante que meus olhos já viram...
Foi o trauma de perder algumas delas, mortas (ou desaparecidas) nas mãos de nossos inimigos, que nos levou a procurar construir CASAS DE ABRIGO. E conseguimos. Imensas! Mas agora temos que reformar tudo e implementar projetos de reabilitação psicológica, física e educacional, além de dar-lhes uma família. A família de Deus! Nós! Eu e você! Cada um que se envolver com essas pessoinhas que existem mesmo, e tem a idade dos meus filhos, que não suportariam passar o que elas viveram nem por um minuto.
Amigos... Eu sozinho, nada farei nesses lugares. Levarei comigo uma equipe com objetivos individuais claros para passarmos lá o mês de Julho. Somos eu (Santos), o Chico (Brasília), o Felipe e o Thiago (Santos), o Juan (Curitiba), além do Leo (Nigéria) e do Edmilson (Senegal) e uma jornalista.
Estamos ainda com os passaportes nas Embaixadas e com o pedido de visto nas mãos das autoridades, mas nosso coração já embarcou e já pousou, e já começou viagens de oração. Temos fé que, apesar das inseguranças, perigos e restrições, estamos construindo o futuro e cumprindo o propósito do Evangelho para nossa vida.
Passaremos férias no inferno, pavimentando o caminho para a Vida!
Só precisamos saber se você vem com a gente escrever mais esse capítulo, contribuindo na medida de suas posses e de sua fé.
Só precisamos saber se você pode fazer isso agora, por favor.
Não gosto de pedir NADA, mas nada é para mim, nada é para nós! E tudo para bem hospedar o próximo assaltado no caminho!
Certo de que Deus proverá o que D´Ele procede, despeço-me grato por sua confiança e sua companhia em espírito.
"Teremos coisas bonitas pra contar!"
Obrigado! E fique na paz!
Marcelo Quintela
Equipe Caminho Nações

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Conferência para plantação de Igrejas!

cab evento

5ª Conferência para Plantadores, Pastores e Líderes da Igreja

Há 38 anos, num grande congresso de igrejas evangélicas na Suíça, foi criado um comitê mundial em torno daquilo que chamaram de "O Pacto de Lausanne". Um importante instrumento para a declaração da essência missionária da igreja que a definiu da seguinte forma: "O evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens".
De lá para cá diversas outras influências culturais o encerraram na periferia da pauta da missão da igreja, que embora não a tenha negado conceitualmente o fez através do empobrecimento do anúncio do evangelho ou da omissão na prática da ação social. Refletir em seus termos é o principal passo na direção do resgate da natureza missionária da igreja.
Nesse sentido o CTPI realizará nos dias 20 a 22 de agosto a 5ª Conferência para plantadores, pastores e líderes de igreja, visando potencializar a sua influência na transformação do país.
Para isto, contaremos com diversos preletores nacionais e internacionais com experiência missional comprovada.
Esperamos por você e seus amigos em Campinas, com a convicção de que Deus há de nos abençoar ricamente em mais este encontro.
Diretoria do CTPI
teste brian teste jay teste leo
teste sayao teste renato teste ricardo
teste sergio teste tommy teste valdir 


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Confins da Terra

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Discípulos missionários segundo o evangelho de Lucas.

Discípulos missionários segundo o evangelho de Lucas
Mês da Bíblia 2013

Lema: "Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido." (Lc 15)

Objetivo: Abordar o tema do discipulado, a partir do capítulo 15 do Evangelho de Lucas, tendo como chave de leitura o aspecto da integração.

Assessoria: Frei Isidoro Mazzarolo, escritor, professor de Exegese Bíblica na PUC-Rio, no Instituto Teológico Franciscano (Petrópolis) e membro da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica.
Público-alvo: Estudantes de Teologia, seminaristas, religiosos, líderes de comunidades, agentes de pastoral, catequistas e interessados.
Data: 27 de junho (quinta-feira)
Horário: das 13h30 às 17h
Gratuito
Informações:
(21) 2232-5486
Compareça!
Local: Livraria Paulinas
Rua 7 de Setembro, 81 - Centro - Rio de Janeiro-RJ
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quinta-feira, 20 de junho de 2013

O que pode o amor.

O que pode o amor

O amor é o maior argumento do Cristianismo. Há também outras características. Mas o amor é a mais expressiva.
O jornal suíço 20 Minuten publicou um relato sob o título “O salva-vidas da rocha da morte”:
Don Ritchie tem 84 anos de idade. Há quase 50 anos ele mora ao lado de uma rocha apelidada de “The Gap” [“A Fenda”]. Este lugar é muito conhecido em Sydney (Austrália), e não só pela vista que se tem do topo. “The Gap” é considerado um ímã para pessoas cansadas da vida. De acordo com o site express.de, a cada ano cerca de 50 pessoas se lançam para a morte dessa rocha às portas da casa de Ritchie. (...) É claro que o aposentado não deixa que isto aconteça tão facilmente. Sempre que vê um possível candidato à morte, ele calça seus sapatos e caminha os poucos passos até a rocha. Sua tática, de sorrir para a pessoa e convidá-la para tomar um chá, já funcionou cerca de 160 vezes nos últimos 50 anos. Mesmo assim, Ritchie não se considera um herói. “Vi mais gente saltando do que consegui salvar”, lamenta. Mas ele continua tentando.[1]
Este homem não aborda os candidatos ao suicídio com placas de advertência, gritos ou ameaças, mas com um sorriso, uma xícara de chá e algumas palavras de simpatia e conforto. Em todos os tempos, a arma mais poderosa contra a morte e a destruição foi o amor. Jesus nos deu o exemplo: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). Ele, que se tornou nosso Salvador na rocha da morte chamada Gólgota, deixou-nos uma tarefa clara: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).
Todos as religiões têm suas características: símbolos, regras, comportamentos, cerimônias, vestimentas, normas, templos, mensagens. A Igreja de Jesus carrega a marca do amor, que é, de longe, a mais expressiva.
Aparentemente o amor era o assunto que mais importava a Jesus em Suas mensagens de despedida antes do Seu calvário. O amor é o maior argumento do Cristianismo; ele tem o maior poder de penetração e de convencimento, e é uma arma de que nenhuma outra religião ou ideologia dispõe.
Amar não significa que aceitamos ou toleramos o pecado, mas a rejeição é algo que muitas pessoas já experimentam excessivamente. O que conseguiríamos, por exemplo, se demonstrássemos, aos nossos vizinhos, colegas de trabalho e demais pessoas, não uma piedade fria e distante, mas os convidássemos para um café? Muitos corações endurecidos, que antes gelavam ainda mais diante de palavras piedosas, já derreteram sob este amor. (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)

Nota:

  1. 20 Minuten Online, 14 de junho de 2010.
Norbert Lieth É Diretor da Chamada da Meia-Noite Internacional. Suas mensagens têm como tema central a Palavra Profética. Logo após sua conversão, estudou em nossa Escola Bíblica e ficou no Uruguai até concluí-la. Por alguns anos trabalhou como missionário em nossa Obra na Bolívia e depois iniciou a divulgação da nossa literatura na Venezuela, onde permaneceu até 1985. Nesse ano, voltou à Suíça e é o principal preletor em nossas conferências na Europa. É autor de vários livros publicados em alemão, português e espanhol.

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, Fevereiro de 2011.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também. Assine aqui »


Norbert Lieth será um dos preletores do 15° Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética - Águas de Lindóia/SP de 23 a 26/10/2013. Saiba mais »

terça-feira, 18 de junho de 2013

O Pastor e o Ouvir.

 

O Pastor e o Ouvir

 

Matthew Miller


O Rev. Matthew Miller é pastor sênior da Greenville Associate Reformed Presbyterian Church, em Greenville, Carolina do Sul.
Nós pastores sentimos profundamente a frustração de tentar transmitir nossa mensagem ao nosso povo. Quase diariamente, as nossas caixas de correio recebem panfletos que nos oferecem seminários sobre como podemos adaptar os nossos sermões e usar as mídias sociais de forma mais eficaz para "romper com a desordem" da nossa era da comunicação. Visto que fomos chamados para sermos arautos e mordomos de uma mensagem divina, não podemos ser culpados pelo fato de querermos nos certificar de que a mensagem está sendo ouvida.
Porém, nessa competição pela atenção do rebanho, estamos propensos a perder a importância do ouvir—não somente ouvir o Senhor (como alguns já abordaram neste assunto), mas também ouvir o nosso povo, bem como o conselho de colegas pastores e anciãos. Ainda mais quando é o próprio Senhor quem nos diz em sua Palavra: "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar". (Tiago 1:19). "Todos" inclui também os pregadores.
Assim como Paulo e o autor de Hebreus, devemos estar atentos ao nosso povo, a fim de avaliarmos a melhor forma de alimentá-los a partir do púlpito. Paulo diz em 1 Coríntios 3:2, "Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais". (leia também Hebreus 5:12). Quando eu comecei o meu ministério de pregação, um dos membros de noventa anos de idade da minha igreja me repreendeu, de maneira gentil, após ouvir uma pregação na qual eu fui além do que a congregação poderia assimilar. Ele disse: "Você quer um conselho de um homem idoso? Você precisa deixar o pote de biscoitos ao alcance das mãos das crianças". Somente no final daquela tarde eu consegui deixar aquela dócil crítica penetrar as minhas defesas naturais, e, até hoje, sou grato por aquele feedback. Se quisermos alimentar nosso povo para um verdadeiro crescimento espiritual, temos o dever de saber em que parte do caminho eles estão. "Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos" (Provérbios 27:23). E para isso é necessário ouvir.
Devemos também ouvir cuidadosamente nossos membros, de forma individual, para discernir onde realmente eles estão em Cristo. Paulo diz aos gálatas, "meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós" (Gálatas 4:19). Facilmente os pastores supõem, de forma equivocada, que os irmãos que nos apoiam têm saúde espiritual e os que estão contra nós, não. No entanto, existem muitos que amam o pastor, mas estão longe de Cristo, e muitos que têm reclamações sobre o pastor, mas estão bem fundamentados. Devemos ouvir de forma mais profunda, e nos perguntar se ouvimos a Cristo que está sendo formado em nosso povo—em seus pedidos de oração, em suas palavras faladas de um leito de hospital, na maneira como expressam suas angústias sobre a situação do país, ouvimos a gramática da união com Cristo em sua morte e ressurreição? Ouvimos a doutrina da santificação sendo pessoalmente abraçada? Ouvimos um regozijo presente com o reino de Deus, aliado a um anseio por sua consumação futura? Ou, ao invés disso, ouvimos esperanças e suspiros que pulsam em uma batida de deísmo terapêutico moralista? Eles podem liderar ministérios em nossas igrejas com entusiasmo e competência, mas eles ainda têm muito medo de morrer? Essas são as coisas que devemos ouvir não apenas em suas palavras, mas também nos seus tons de voz.
Por último, devemos ouvir os presbíteros e outros pastores, tanto para nosso bem-estar pessoal quanto para o bem de nossos ministérios. Ser ordenado não nos coloca em posição superior à advertência de Provérbios 21:2: "Todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos, mas o SENHOR sonda os corações". Todos nós conhecemos homens que perderam seus ministérios, não por causa de uma grande falha moral ou uma incompetência evidente, mas por conta da teimosia ou do desânimo que passou desapercebido com consequências debilitantes. Em tais casos, não é incomum saber que esses homens ficaram isolados e que lhes faltaram relacionamentos do tipo ferro-com-ferro-se-afia com presbíteros e outros pastores que poderiam ter dito uma palavra de repreensão, que salvaria seus ministérios, ou uma palavra de encorajamento que nutriria suas almas (Provérbios 27:17; 27:6; 12:25).
Anos atrás, J. Oswald Sanders observou em seu clássico "Spiritual Leadership" [Liderança Espiritual]: "Você pode avaliar os líderes pelo número e qualidade de seus amigos". Agostinho era um homem que valorizava a amizade (há uma abundância de reflexões sobre a amizade em As Confissões e em seus sermões). A amizade de João Calvino e Pierre Viret (1511– 1571), conforme revelado em muitas de suas cartas, mostra o desejo de Calvino e sua grande confiança na amizade. Na recente busca por um novo diretor de música para a nossa igreja, minha primeira pergunta aos candidatos era: "Fale-me sobre os seus amigos mais íntimos. Você pode compartilhar algumas vezes em que o conselho deles o levou a uma mudança de caminho?".
Os pastores precisam de amizades com cooperadores. Todo Timóteo precisa de um Paulo, e todo Paulo precisa de um Tito (2 Coríntios 2:13; 8:23). Se você se encontra sem amizades desse tipo, faria bem em começar a colocar este assunto em oração. Algumas vezes, o coração precisa de tempo para ser preparado para a amizade, para que nossos ouvidos se abram para aquilo que um amigo piedoso venha a dizer.
Sim, devemos ouvir e atentar para o Senhor primeiramente e acima de todos. Porém, de acordo com a sua Palavra, devemos também ouvir aqueles que estão abaixo de nós ou ao nosso lado. A qualidade de nossas vidas e ministérios depende disso.






O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

Crianças são o que sobrou de humanidade em nós! Nos ajude a cuidar delas!

MISSÃO INDÍGENA NO PARAGUAY.
















CUMPRINDO O IDE DE JESUS DE FORMA INTEGRAL

Território Guarani, Junio de 2013.

          
           Graça e paz amados irmãos,
           Estamos muito felizes em cumprir o mandato do Senhor em ir por todo mundo e levar o evangelho a toda criatura e sermos usados por ele nessa missão.
           Desde já queremos agradecer todos àqueles que têm contribuído para o Projeto Visão seja por Semipa ou por através de nossas contas particulares, somos gratos a todos que conhecemos desde o inicio da nossa caminhada até os que não conhecemos pessoalmente, mas acreditam na seriedade daquilo que estamos fazendo, isso é umas das razões para não desanimarmos.
           Este mês também recebemos a visita da irmã de Lúcia e seu esposo, foi muito bom ter o Claudio e a Aparecida em nossa casa e assim eles também viram de perto as necessidades, entre elas a questão de não termos um veículo aqui e justamente por causa disso, eles só puderam visitar a aldeia de YvyAtain.Mas cremos que foram dias de reflexão para vida deles e poderão levar muita coisa para as suas igrejas.
           Gostaria também de participar aos irmãos que já nesta virada de segundo semestre estaremos viajando e indo a algumas igrejas que tem nos convidado para participar em alguns eventos missionários e serão oportunidades que teremos para divulgar mais o projeto e levantar recursos já que possuímos muitas carências entre elas: conseguir recursos para aquisição de um veículo e recursos de manutenção do mesmo;
Ter uma estrutura básica na aldeia de Ymorotî;E, melhorar a estrutura na aldeia YvyAtainonde a igreja já esta pequena e necessitamos de mais bancos.
           Por outro lado já começamos a discípular os seis (6) irmãos que aceitaram Jesus em Ymorortî e começamos usando todos os meios principalmente o visual, pois um dos maiores problemas entre eles são os vícios então já começamos nesta parte e assim em diante. Junto disso a irmã Romélia (esposa do Osiel) começou também a pré-alfabetização das crianças. Isso sempre foi um sonho de todos nós aqui, em cada aldeia ter uma escola mesmo que pequena com duas salinhas simples de madeira, uma sala de atendimento de enfermagem anexado a igreja. Irmãos senão discípular-mos, principalmente essas crianças vem o narcotraficante e discípula isso é uma realidade! Investir no social não é opção e sim necessidades embora muitaslideranças não pensão e não enxergam assim. Mas graças a Deus aqueles que o Senhor tem colocado ao nosso lado em contribuição possuem essa visão social no reino de Deus!
           Também na aldeia de YvyAtain tivemos um dia de campanha evangelística e Deus usou poderosamente o irmão Eliseu (primo da Romélia), foram momentos de mover do EspíritoSanto na vida dos irmãos e o resultado foram cinco (5) pessoas aceitando Jesus, dentre eles o esposo da irmã Niña. Irmãos, os guaranis são muito receptíveis a Palavra de Deus, mas dentre os de sexo masculino há certa resistência, então sempre que um homem guarani aceita Jesus e segue nos caminhos do Senhor é uma vitória maior ainda.


Fazendo o discipulado através do visual (tema: dependência alcoólica) / Aparecida e Claudio assistindo o culto na igreja de YvyAtain
          




           Então juntando as seis pessoas que aceitaram Jesus em Ymorotî e as cinco na campanha em YvyAtain e mais Don Rodolfo (aquele que levei para ser cuidado no hospital) são doze (12) pessoas que aceitaram Jesus como Senhor e Salvador e à partir de desse domingo também vamos começar o discipulado em YvyAtain.
Ainda há muitas chuvas na nossa região e isso atrapalha muito, às vezes não está chovendo, mas as estradas não dão passagem para moto, mas o período seco se aproxima embora o frio seja intenso.
           Gostaríamos de estar pedindo aos irmãos que não deixe de orar por;
           Recursos para estruturação em geral;
           Pelas viagens que estaremos fazendo, para que Deus coloque pessoas certas no nosso caminho e livre-nos de aproveitadores;
           Para que seguimos sendo luz em meio ás trevas;
           E, para que o Espírito Santo continue convencendo os corações, e os irmãos que aceitaram Jesus nesse período cheguem ao batismo em águas.
           Agradecemos mais uma vez, aqueles que têm contribuído financeiramente, pois só se faz o concreto com recursos financeiros, também aqueles que têm orado para que Senhor traga o sobre natural e também por nossa segurança aqui nessa região.
           Também estejam orando pelos indígenas no Mato Grasso do Sul, pois tem havido muitos conflitos entre fazendeiros posseiros e guaranis. Infelizmente notamos de perto a apatia das igrejas sul-mato-grossense onde poucas têm levado uma palavra de conforto e alguma ajuda social a eles. E, isso reflete aqui na nossa cidade onde todos acabam tomando conhecimentos dos fatos. 




Aula de inauguração (ao centro Miss. Romélia) Essa cena nós chamou atenção. Esse menino não está orando e sim de joelhos utilizando a ponta do banco para pintar a folha / Pessoas aceitando Jesus na aldeia de YvyAtain


Em Cristo, Miss. Ricardo,Lúcia e família.




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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Lei Geral das Religiões.

Iara Farias Borges
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou, nesta quarta-feira (12) projeto de lei (PLC 160/2009) que trata das garantias e dos direitos fundamentais ao livre exercício da crença e dos cultos religiosos – a chamada Lei Geral das Religiões. A proposta é de autoria do deputado George Hilton (PRB-MG) e regulamenta dispositivos constitucionais que garante o livre exercício de crenças. Em razão de acordo de líderes, a matéria, que deveria passar por exame da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), segue diretamente para o Plenário.
O projeto, relatado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi aprovado com cinco emendas. De acordo com uma delas, apresentada pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o Estado vai assegurar os direitos constitucionais das denominações religiosas, seja qual for a sua constituição jurídica. No entanto, será exigida personalidade jurídica para realizar parceria com o Estado em atividades de interesse público.
Também por emenda de Rollemberg, instituições religiosas, mesmo sem organização formal, poderão oferecer assistência religiosa em hospitais e estabelecimentos de internação coletiva como presídios. Igualmente, a prestação de assistência religiosa em quartéis das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e das Forças Auxiliares (polícias militares e bombeiros) poderá ser feita por qualquer religião ou crença.
Ao acatar as emendas de Rollemberg, o senador Eduardo Suplicy ressaltou que a exigência de registros das associações religiosas, como previsto no projeto apresentado pelo deputado Hilton, iria inviabilizar o exercício de religiões de matriz afro-brasileiras, uma vez que, em sua maioria, as casas de culto ou comunidade de terreiros são de estrutura familiar.
- A lei pretendida não cria qualquer exigência de registro para que um grupo humano se reúna e compartilhe crenças e ritos, direito que já é garantido pelo Estado, em razão dos princípios constitucionais. O que o projeto pretende fazer é fixar condições absolutamente isonômicas para que uma associação religiosa obtenha personalidade jurídica e possa, destarte, estabelecer relação formal com o Estado – explicou o relator.
Eduardo Suplicy ainda observou que o Estado é beneficiado com parcerias com organizações religiosas em atividades de assistência social. Apesar de laico, o Estado brasileiro relaciona-se com todas as religiões e não é contrário nenhuma delas, disse ele.
- O Estado é equidistante de todas as religiões, mas, simultaneamente, não vê a necessidade de hostilizar a vida e as competências éticas e educativas que, normalmente, as religiões representam. Ao contrário, o Estado brasileiro, por sua natureza histórica, alia-se às religiões naquilo que elas têm de universal e humanista, no que tem feito muito bem – salientou Suplicy.
O projeto aprovado pela CAS, reafirmando princípios constitucionais, declara livre a manifestação religiosa em locais públicos, desde que não contrarie a ordem e a tranquilidade públicas. Ainda segundo a proposta, o plano diretor das cidades deve prever espaços para fins religiosos.
No que se refere à educação, o senador Eduardo Suplicy retirou do texto a declaração de que o ensino religioso faz parte da formação básica do cidadão. No entanto, as escolas públicas de ensino fundamental oferecerão a disciplina, de matrícula facultativa, em horários normais da escola, com observância à diversidade religiosa do país.
Ainda de acordo com o projeto, o casamento celebrado em conformidade com as normas das denominações religiosas reconhecidas no país terá efeito civil após registro próprio a partir da data da celebração, contanto que atenda às exigências legais estabelecidas.
Audiência
Representantes da sociedade civil e do Poder Executivo que participaram de audiência pública promovida pela CAS, no mês passado, pediram a rejeição do projeto por não concordarem que uma lei possa regular a diversidade das manifestações religiosas no país.
O senador Paulo Paim (PT-RS) ressaltou que os convidados argumentaram contra o projeto e, de forma unânime, afirmaram não ter como salvá-lo com emendas ou substitutivo. O senador disse votar pela aprovação da matéria na CAS, mas quer continuar a discuti-lo em Plenário.
Acordo Brasil-Santa Sé
O projeto de Lei Geral das Religiões foi apresentado na Câmara dos Deputados após ser celebrado entre o governo brasileiro e a Santa Sé, em 2008, um acordo regulando as relações entre o país e a Igreja Católica. O texto original do projeto foi baseado nesse acordo, já aprovado pelo Congresso Nacional.
Agência Senado.

Fonte: https://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/06/12/lei-geral-das-religioes-e-aprovada-em-comissao-e-vai-ao-plenario

Veja a íntegra do Projeto:

http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=65283&tp=1

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Reflexões sobre o púlpito brasileiro.

Reflexões sobre o púlpito brasileiro

28/05/2013 08:59:01

Reflexões sobre o púlpito brasileiro Este autor ensina Homilética há alguns anos no Instituto Bíblico de Bauru, na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, na de Brasília, onde ainda lecionou Pregação Expositiva e Pregação Biográfica, e agora, na Faculdade Batista de Teologia do Amazonas.1 Isto não o torna uma autoridade no assunto, mas lhe permite ter uma visão razoável do que se passa em nossos púlpitos.


Uma das tarefas pedidas aos seus alunos tem sido a de anotarem os esboços dos sermões que ouvem em suas igrejas. Isto é muito revelador. Boa parte dos alunos não consegue cumprir a tarefa por um motivo muito simples: o sermão não é compreensível. Não conseguem ver suas divisões. Isto seria remediável. A queixa maior é de absoluta falta de logicidade na argumentação. O sermão não é linear, mas circular, com argumentos se repetindo, sem se encaixarem, sem um nexo.

Preservando nomes e lugares expenderemos algumas considerações sobre o púlpito brasileiro, à luz desta experiência vivida com os alunos. Nada foi inventado e as opiniões são com base no que foi ouvido. A elas acrescemos nossas opiniões.

Uma questão que salta aos olhos é a consciência messiânica de muitos pregadores. É evidente que se espera de quem prega uma convicção muito profunda do que está a dizer. Se um homem não está possuído por uma santa paixão pelo evangelho, sua pregação será oca. Mas parece haver uma megalomania acentuada em alguns púlpitos. Desde a frase dita por um pregador (ouvida e anotada por um aluno): “Quem estende a mão contra mim, morre!” até o elogio em boca própria, muito comum. Outro pregador tornou-se célebre pelo repetido uso da expressão: “Um homem culto tem de falar três idiomas. Eu falo quatro”. Isso se tornou risível.

Esta autoimagem muito elevada já começa com o estudante de homilética. Muitos alunos recusam a disciplina e são imunes ao seu aprendizado porque já sabem pregar, porque acreditam que têm uma linha direta com Deus e que fazer reparos ao seu sermão é duvidar de sua integridade espiritual. A ideia é que o sermão vem de Deus e não dos homens. É incrível como esta concepção rege muitos pregadores e bloqueia os alunos. Combatemos este conceito observando que, se o sermão fosse dado por Deus, todos seriam iguais ou bastante semelhantes. Os pregadores não evidenciaram tantas diferenças entre si. Basta olhar em redor e verificar que há grandes diferenças em termos de conteúdo e de espiritualidade entre os pregadores para se saber, como bem diz Pedro Bloch, que “o homem é a fala”.

Al Martin nos diz que “o solo onde medra a pregação poderosa é a própria vida do pregador”.2 Estabelece ele um vínculo muito estreito entre pregação e pregador. O sermão não é um pacote espiritual que Deus dá ao pregador, mas é uma parte do pregador. No sermão descobrimos quem é o pregador: sua piedade, sua cultura, sua cosmovisão. Mas essa “messianidade de púlpito” mostra haver em muitos uma atitude de colocar-se acima da crítica e da necessidade de aperfeiçoar-se, como se tudo já estivesse completado. O narcisismo parece muito acentuado entre os pregadores.

Observamos também uma espantosa irrelevância, com a abordagem de temas que não interessam ao povo. Um dos alunos registrou que seu pastor utilizou três domingos pela manhã para dar relatórios da assembleia anual de sua denominação, incluindo balancetes financeiros. O malbaratamento do tempo e das oportunidades é surpreendente. Nota-se aqui um contraste: embora os pregadores tenham uma autoimagem elevada, não parecem ter um conceito elevado da pregação em si. Aquelas pessoas que são o auditório estão colocando, cada uma, meia hora de suas vidas nas mãos do pregador. Este tempo pode ser fundamental para o destino do ouvinte. As queixas mais comuns têm sido a de falta de conteúdo na pregação. O que se diz é irrelevante. Um sermão anotado foi sobre o parto. Com base em Gênesis 3.16. (“com dor darás à luz filhos”) o pregador se posicionou contra o parto sem dor. Outro pregou contra a prática de esportes, baseando-se em 1Timóteo 4.8: “o exercício corporal para pouco aproveita” (uma afirmação, por si só, bastante discutível e não sustentável hoje). De 2Samuel 11.2: “E do terraço viu uma mulher que estava se lavando” saiu um sermão contra a televisão, advertindo que Davi viu o que não devia ver e que na televisão vemos o que não devemos. A conclusão foi esta: “a televisão é uma agência de perdição”. Isto aconteceu em grandes centros urbanos do Brasil! O que estas exegeses revelam? Que benefícios trouxeram para a comunidade? O púlpito é para questões como estas? Este uso da Bíblia é correto? É isso que a Bíblia está ensinando?

A emissão de conceitos puramente pessoais em nome de Deus tem sido muito notado. Principalmente em épocas de eleições, as exegeses pró e contra posições políticas avultam. O uso da Bíblia é feito de maneira pouco convencional, sendo nada adequado para justificar a postura da pessoa. É oportuno lembrar uma citação do Prof. James Stewart: “A pregação não existe para a propagação de ideias, opiniões e ideais, mas para a proclamação dos poderosos atos de Deus”.3

Num agradável livrinho, Oswaldo Ramos4 nos traz ensinamentos muito práticos sobre pregação, acompanhados de curiosos desenhos. Num deles há duas senhoras conversando. Uma delas diz à outra: “Nosso pastor é formidável. Consegue pregar um sermão em qualquer versículo!”. Com a mão na boca, rindo, a outra diz; “O nosso é mais formidável ainda. Prega o mesmo sermão usando qualquer versículo!”. O uso de formidável foi muito bem escolhido. O sentido original da palavra é “terrível”. É realmente terrível uma situação dessas.

A ausência de conteúdo bíblico, em muitos lugares, é suprida pelo grito. “Isaltino, por que os pregadores brasileiros gritam?”, perguntou-me, surpreendido, o colega argentino Daniel Carro, num congresso de que participávamos. “Acho que é para mostrar que têm poder”, respondi. “Poder de quê? De arrebentar os ouvidos?”, devolveu-me o colega. Impressiona o nível sonoro dos sermões. Até mesmo quando transmitidos pelo rádio. Parece a alguns que, se não falarem em nível elevadíssimo, não serão acatados. Num excelente artigo, “Não Consigo Falar Mais Baixo”,5 o Dr. Noélio Duarte, especialista em problemas da fala, analisa as razões pelas quais as pessoas falam alto: insegurança, autoritarismo, problema de audição, baixa educação etc. Pode haver outras razões mais, até sadias. Mas uma coisa é certa: um pregador aos gritos incomoda muito. E parece ser comum em nosso meio.

Um pouco à parte das anotações dos alunos, impressiona a pândega em muitos sermões. Boa parte dos pregadores tem o hábito de começar com uma piada “para quebrar o gelo”. Voltando a Al Martin:

Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, um palhaço e um profeta... Isso não quer dizer que não devamos ser autenticamente humanos, e que a habilidade natural de rir envolva qualquer elemento de pecaminosidade, ou que fosse pecaminosa a alegria natural que se deriva de um riso que procede do fundo do coração. Entretanto, o esforço desnatural de certos pregadores para serem ‘contadores de piada’, entre a nossa gente, constitui uma tendência que precisa acabar. 6
Temos observado, na análise dos assuntos abordados pelos sermões, que a maior preocupação é operacional e apologética: o modo como a coisa funciona e um ataque-defesa contra outros grupos. Boa parte dos sermões têm se ocupado em mostrar como o crente pode funcionalizar a vida cristã. Ocupam-se da prática cristã — oração, testemunho, comportamento no mundo etc. Houve um ano em que 40 alunos não captaram, durante três meses, um só sermão ético. Quando a abordagem é ética, é em termos de microética (bebida, fumo, mau testemunho etc.). A macroética (assuntos como cidadania, responsabilidades civis etc.) é menos abordada.

Parece que uma grande preocupação do púlpito é com a orientação em questões menores, com o cotidiano, do que com grandes temas. Parece refletir uma situação pastoral: são estas questões que mais frequentam as entrevistas em gabinetes pastorais. Os pregadores reagem às questões mais comuns.

Surpreende-nos a preguiça. Saindo da área das observações anotadas, é impressionante que livros com esboços de sermões (geralmente defeituosos, do ponto de vista homilético, com argumentação confusa e dispersa) sejam bem vendidos. Nossa luta é para que tais publicações não sejam compradas. Mas até aqui se nota o narcisismo. Uma destas obras, com esboços pouco compreensíveis, trazia o pomposo título de Sermões de Poder. Realmente espantoso: esboços poderosos. A falta de familiaridade com as regras homiléticas (ferramentas para ajudar o pregador e nunca substitutas da espiritualidade) e a falta de disposição para o trabalho — a leitura bíblica repetida, a exegese, a aplicabilidade das informações bíblicas, a luta para ordenar as ideias — levam à procura destes livros, que um pregador sério e esforçado para dar o melhor de si nunca deveria utilizar. Da mesma forma os livros de ilustrações enlatadas! Como se ouvem ilustrações absurdas, falsas e descontextualizadas, como de rei e rainha, ou do que aconteceu em outros países. A melhor fonte de ilustrações são os olhos atentos ao que se passa ao redor, contextualizando o ensino bíblico ao cotidiano e analisando este à luz da Bíblia. Isto enriquece significativamente um sermão: o mundo de ontem (a Bíblia) e o mundo de hoje (o que o pregador viu) se ajuntam.

Sem colocar-nos acima de outros e sem denegrir colegas que têm realizado grandes ministérios, uma análise do material que temos compulsado nos permite uma diagnose um tanto genérica, mas não inventada do púlpito brasileiro. Uma vitrine muito grande para exibição, escassa exegese bíblica, uso fragmentário da Escritura6 e despreocupação com a técnica. (Um aluno queixou-se de um pregador que há anos tem um problema sério de dicção que leva o auditório a perder mais da metade de suas palavras.) A preocupação maior do púlpito, enquanto voltado para os crentes, é mostrar a funcionalidade da vida cristã. Um problema grave é o desconhecimento de regras da língua portuguesa. Erros de concordância, de sintaxe, incapacidade de articular as frases sem maneirismos (é, né, tá, aí, ahn, intão) mostram um desinteresse pela comunicação eficiente. O negócio é dar o recado. Mas esta é a questão: o recado foi dado de forma eficiente? Basta desincumbir-se da missão ou é preciso fazê-lo bem? Uma boa palavra de Spurgeon, “o príncipe dos pregadores”, elucida a questão:

Vocês nunca ouviram falar por que Charles Dickens jamais se tornaria espírita? Numa sessão ele pediu para ver o espírito de Lindley Murray, o famoso gramático. Compareceu o pretenso espírito de Lindley Murray, e Dickens lhe perguntou: ‘Você é Lindley Murray?’ A resposta veio prontamente: ‘Sô ele mermo’. Não se poderia esperar a conversão de Dickens ao espiritismo depois de uma resposta que feria tanto a gramática. Podem rir, mas não deixem de fixar a moral da história. É fácil ver que, com erros de concordância, de regência verbal etc., poderão afastar a mente do ouvinte daquilo que tentam apresentar-lhe, impedindo assim que a verdade alcance seu coração e a sua consciência.8
Se a análise, mesmo sucinta, parece depreciativa, registramos um ponto altamente positivo: a sinceridade espiritual. São pessoas que parecem querer fazer o melhor. Não o fazem, muitas vezes, por impossibilidade ou por não terem sido despertadas. Mas assim mesmo, fica-nos a impressão de que o púlpito brasileiro é débil. Em forma e conteúdo. Pode ser melhorado. O meu, inclusive.

Sobre cinco pontos indispensáveis ao sucesso da comunicação verbal alistados por Irving Lee9 apresentamos acréscimos que devem ser considerados pelo pregador. Com isto, declaramos que a homilética precisa receber mais enfoque pelo ângulo da comunicação. Eis os pontos:

1. Domine seu assunto. Saiba exatamente o que deve dizer. Assim você não se perderá e evitará digressões ociosas e desnecessárias.
2. Aprenda a reconhecer os pontos fracos, os defeitos e as deficiências da comunicação dos outros. Ou seja, desenvolva o senso crítico — analise o que está errado.
3. Faça exatamente a mesma coisa com a sua comunicação. Você não é melhor que eles e talvez cometa os mesmos equívocos. Mas se viu como são prejudiciais, poderá eliminá-los na sua prática.
4. Desenvolva habilidades no sentido de aperfeiçoar a sua capacidade de comunicação. Seja crítico consigo mesmo, grave seus sermões e os analise, peça a uma pessoa de confiança que aponte falhas etc.
5. Procure aperfeiçoar sua capacidade de comunicação. Corrija seus erros, estude seu idioma, elimine os maneirismos verbais e, se for o caso, busque ajuda profissional.

A insatisfação consigo mesmo e a busca de uma melhora constante são compatíveis com a dignidade da pregação. Um pregador sério nunca se presumirá completo, mas estará sempre crescendo. Ser um bom pregador é uma tarefa que leva a vida toda e mais seis meses.

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1Este texto foi publicado, originalmente em Vox Scripturae volume IV – número 1, Março de 1994, p. 3-8.
2Al Martin, O Que Há de Errado com a Pregação de Hoje? (São Paulo, Fiel) 7.
3Citado de John R. W. Stott, The Preacher’s Portrait: Some New Testament Word Studies (Grand Rapids: Eerdmans, 1961) 34.
4Oswaldo Ramos, Maneja Bem a Palavra da Verdade (sem dados) 26.
5Noélio Duarte, “Não Consigo Falar Mais Baixo”, O Jornal Batista (5 de dezembro de 1993).
6Martin, O Que Há de Errado com a Pregação de Hoje?, 23.
7Sobre esta forma de encarar a Bíblia, ver Martin-Achard, Como Ler o Antigo Testamento (São Paulo, ASTE, 1970).
8Charles H. Spurgeon, O Conquistador de Almas, trad. Odayr Olivetti (São Paulo: PES, 1978) 65.
9Em Penteado, A Técnica da Comunicação Humana (9ª ed., São Paulo: Pioneira, 1986) 16.

Fonte: http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=329

Através dos Portais do Esplendor

Jesus, “Legião” e a questão de “controle” exegético.

Bíblia e Exegese

Jesus, “Legião” e a questão de “controle” exegético

03/06/2013 08:57:15

Jesus, “Legião” e a questão de “controle” exegético A desmitificação da ficção moderna que trata o teólogo profissional como heroíco defensor de objetividade científica consta entre as contribuições positivas da teoria pós-moderna aos estudos contemporâneos das Sagradas Escrituras. Como N.T. Wright mostrou há vinte anos, muitos métodos “críticos”, alegadamente “neutros”, “encapsulam posições filosóficas inteiras, que em si, são altamente questionáveis” (Wright 1992: 54). Inevitavelmente, todo exegeta realiza a tarefa exegética a partir de alguma agenda, seja ele 

consciente, parcialmente consciente, ou inteiramente inconsciente disso. Ninguém é “neutro”. 

Por outro lado, e, diga-se de passagem, mais um ponto em favor da teoria pós-moderna, ninguém precisa ser neutro. Entretanto, a não ser que lancemos mão de algum método radical do tipo reader response, a exegese bíblica se preocupa em extrair do texto seu verdadeiro sentido entendido em termos da intencionalidade autoral. Com esta finalidade, aquilo que se espera do exegeta é que ele identifique, conheça e examine sua própria agenda e — dentro do possível — questione no âmbito metodológico se o texto controla a agenda ou se a agenda controla o texto (daí a questão do “controle exegético”). Eisegese suplanta exegese quando o intérprete perde de vista aquele duplo preceito particularmente querido da teologia reformada, a saber, a autoridade da Escritura Sagrada e a submissão do cristão diante dela (cf. Throup 2009: 83-94).  

Este ensaio procura ilustrar os perigos inerentes da exegese cegamente controlada pela agenda do crítico. Tanto especialistas como pregadores são capazes de incorrer neste erro, aqui me incluo nas duas categorias. Reconheço, pois, que minha agenda é potencialmente capaz de ditar qual seria a leitura natural do texto, quando a leitura natural do texto deve informar e, caso necessário, modificar ou corrigir a minha agenda. Portanto, aqui não se trata de um exercício de caça-bruxas. Tampouco será torcer pelo retorno daquela ilusória objetividade moderna. Está claro que as agendas não são necessariamente problemáticas em si: vira problema quando impõem sentido ao texto que faz pouco sentido, ou que ofusca o sentido mais provável do texto sagrado. 

(i). Jesus e “Legião”: crítica literária a partir de Marcos 5.1-201
Após a tempestuosa travessia do mar (Mc 4.35-41), Jesus desembarca em território gentio, deparando-se com a cena depravante e desesperadora de um homem endemoninhado, indomável e autodestrutivo (Mc 5.1-5). Lançando-se aos pés de Jesus, o homem anuncia, “Que é que tenho eu com você — Jesus, filho do Deus Altíssimo? Imploro-lhe perante Deus, não me torture!” (Mc 5.7 [trad. minha]). Em seguida, Jesus pergunta, “Qual o seu nome?” e o homem lhe responde, “Legião é meu nome, pois somos muitos” (Mc 5.9). O resto da história, com a transferência dos demônios à manada de porcos, o destino aquático dos mesmos e a instituição do primeiro missionário gentio, nos é conhecido. Por enquanto, o enfoque aqui será Mc 5.9, crux interpretum para muitos intérpretes ao comentar este texto.

O termo que chama atenção é “Legião”, palavra que pode ser entendida prima facie como nome próprio, isto é, o apelido dado ao sujeito em consequência da sua condição. Como alternativo, seguindo a velha sugestão de Wellhausen, “Legião” poderia ser apreendida como a reposta esperta e evasiva do bando de demônios que, falando genericamente em números, visa manter em sigilo seus nomes reais (in Marcus 1999: 345). A palavra “Legião” é uma espécie de latinismo ou loanword oriundo do militarismo romano, embora não seja exatamente a transliteração grega do termo latino legio. Como veremos adiante, a conotação romana da palavra se torna crucial para as interpretações sugeridas por comentaristas como Myers (1988), Marcus (1999), Horsley (2001), e Garroway (2009) em referência ao texto na íntegra. Antes de abordar a leitura destes intérpretes, é preciso considerar brevemente a questão que tange ao espectro semântico e as possíveis ressonâncias que o termo “Legião” teria na palestina do primeiro século. 

Embora, a exemplo de Donahue e Harrington (2002: 166), haja quem sustente a ideia de que “Legião” seria o simples sinônimo de “muitos” (assim como a palavra “legion” no inglês hodierno), na antiguidade este uso parece ter sido incomum. Garroway (2009: 61) dá outra explicação, comparando o uso do termo “Legião” à situação atual em que a palavra inglesa “marines” (fuzileiros navais) inevitavelmente passa a imagem do invasor estrangeiro em um país como o Iraque. No primeiro século, obrigatoriamente, a palavra “Legião” conotaria a presença militar do império romano. A legião romana correspondeu à unidade de 6 mil homens, e visto que o historiador Josefo atesta a presença delas na palestina — e da Décima Legião no Decápolis (Guerra 3.233; 289) — a retórica de Garroway é irresistível neste ponto.

Resumindo, no contexto mediterrâneo do século primeiro, é inevitável que o termo “Legião” traria em si a nuance romana militar. A grande questão que passa da exegese para a hermenêutica, concerne ao sentido em que o termo é empregado em Mc 5.9, e as implicações do signficado dele no âmago mais amplo. Como veremos, para certos comentaristas a menção de “Legião” em Mc 5.9 converte-se no pivô exegético da história na íntegra — e até do evangelho inteiro! Mas, Marcos teria uma agenda anti-império, ou tal anti-imperialismo seria mais o reflexo da perspectiva dos críticos atuais?

(ii). Jesus e “Legião”, agendas e a falta de “controle” exegético
No comentário de Myers (1988),2 a menção de “Legião” em Mc 5.9 possibilita a interpretação de todo o episódio relatado em Mc 5.1-20 em termos do anti-imperialismo idealizado por um reformador sóciopolitico (Jesus de Nazaré). Na interpretação socioliterária de Myers (1988: 193), o exorcismo é apreendido como “ação simbólica pública”, ademais, “o endemoninhado representa a ansiedade coletiva quanto ao imperialismo romano”. Na tentativa de basear esta conclusão psicanalítica no contexto marcano, Myers (1988: 194) faz referência à parábola do grão de mostarda (Mc 4.30-32): “Marcos acaba de prometer que a semente de mostarda superará a “grande árvore” de Roma”. Myers (1988: 192) argumenta que como um exército invasor, os demônios “não querem sair da região” (Mc 5.10). 

A dificuldade aqui consiste na manobra de Myers que imputa ao texto bíblico aquilo que não transparece nele, assim moldando o significado textual a serviço da sua agenda anti-estabelecimento. Primeiramente, Jesus jamais afirma que a semente de mostarda “superará a ‘grande árvore’ de Roma”. Interpretar a parábola desta forma é atar a dimensão escatológica à época romana, particularizando aquilo que é de cunho geral, uma vez que “a árvore do Reino” é a maior “de todas” (Mc 4.32). É fato que antes de Mc 5.9 e o latinismo “Legião”, não há nenhuma referência explícita ao império romano. Portanto, Myers extrapola aquilo que precisa demonstrar do texto, importando-o para a discussão de Mc 5.1-20 sem justificativa. Em segundo lugar, a leitura natural de Mc 5.10 mostra Jesus lidando com demônios, e não com soldados. Procurar algum significado alegórico e(ou) psicológico aqui é desnecessário: como espíritos impuros (Mc 5.2, 13), é natural que os demônios não queriam sair da ritualmente impura região dos túmulos. Nada necessita, pois, a inferência de que nas entrelinhas de Mc 5.10 romanos estão no lugar de demônios, ou que, digamos, os verdadeiros demônios são os romanos. A agenda de Myers parece controlar sua leitura do texto, quando, de repente, a leitura do texto deveria exercer mais controle sobre sua agenda.  

Entre comentaristas que têm seguido a linha de Myers é o renomado especialista no Evangelho de Marcos, Joel Marcus (1999). Marcus combina elementos da leitura de Myers com a análise semântica de Derrett (1979) e entende que o vocabulário alegadamente militar de Mc 5.1-20 aponta — pelo menos do ponto de vista da pré-história da narrativa marcana — para uma crítica anti-imperial. Porém, Marcus absorve a análise de Derrett de forma acrítica, pois os termos gregos citados nesta conexão (ex. pempein [enviar], epitrepein [permitir; mandar], hōrman [precipitar-se]) não contêm nenhuma “nuance militar” particular (Marcus 1999: 352) como confirmam as respectivas entradas de BDAG. Levanta-se, pois, a suspeita de que a agenda subjacente esteja controlando o significado do texto que está nas mãos do crítico. 

Igualmente, Gundry (2000: 390) ataca o raciocínio um tanto quanto estranho de Marcus (1999: 345) de que o desejo dos demônios de entrar nos porcos trata-se de insinuação sexual, relembrando atos de estupro perpetrados por exércitos invasores! Para Marcus (1999: 345), uma alusão ao estupro prossegue porque a palavra “porco” pode simbolizar a genitalia feminina. Porém, Marcus cita apenas uma instância em que este seria o caso, e isto em Aristofanes, satirista grego do século V a.C! Percebemos a falta de algum preceito mais rigoroso de “controle” exegético que rega interpretações mais especulativas. Este “controle” incluiria a exigência de prover paradigmas ou exemplos textuais a fim de comprovar que a linguagem e a fraseologia utilizada pode ser empregada da forma sugerida pelo crítico. Além de comprovar que a interpretação oferecida é hipoteticamente possível, o exegeta necessita argumentar à base das evidências a fim de demonstrar a inerente probabilidade da sua leitura, visando, especialmente, considerações contextuais.  

De todos aqueles influenciados por Myer, Horsley (2001) é quem realmente permite que a agenda anti-império oriente toda sua leitura do texto. Horsley tem uma agenda transparente: denunciar a “nova desordem mundial” do imperialismo norte-americano. A tese dele é fascinante, especialmente no que se refere às comparações e alegadas correspondências entre a pax romana e a “pax americana”. Todavia, agenda é uma coisa, texto é outra. Enquanto determinados aspectos da tese da “nova desordem mundial” podem ser legítimos ou parcialmente legítimos por uma série de razões, imputar sentido duvidoso às palavras do autor sagrado para legitimizar seu ideal político é ilegítimo e inválido como modus operandi exegético.  

Horsley (2001: 102), parece incorrer no erro descrito acima ao afirmar categoricamente que os seguidores de Jesus, “entenderam que o significado último dos exorcismos de Jesus era a derrota do governo romano”. Para Horsley, a morte por afogamento dos porcos em Mc 5.13 relembra Ex 14.28-30 e a morte do exército egípcio (cf. Marcus 1999: 348-349). Este paralelo em conexão com a referência a “Legião”, supostamente confirma que as forças satânicas em “Marcos”, representam, na realidade, as forças do império romano. Mas, será que o alegado paralelo é capaz de suster o peso interpretativo que Horsley quer colocar nele? 

O paralelo citado por Horsley está incerto pois não há correpondência exata entre o grego de Mc 5.13 e a LXX de Êx 14.28-30. Mesmo se o relato marcano pretende aludir à narrativa do Êxodo, tal alusão não necessita da conclusão alegorizante de Horsley que substitui romanos no lugar de egípcios. Além do mais, a tentativa de ler todos os exorcismos desta forma não convence: nenhum dos outros exorcismos contém qualquer sinal de uma agenda anti-romana. Mais adiante na seção (iii), examinaremos o contexto mais amplo de “Marcos”, para determinar se Mc 5.1-20 possui este “significado último” que Horsley detecta nele.

Aqui, para fechar esta lista representativa de intérpretes cujas agendas tendem a colorir o texto sagrado indevidamente, nos deparamos com Joshua Garroway. Garroway (2009) mostra-se mais sensível do que outros em relação às dificuldades com a interpretação anti-imperial. Por exemplo, Garroway (2009: 66) reconhece que termos gregos citados como evidências de atividade militar não podem ser legitimamente utilizados nesse sentido (veja acima). Por outro lado, a complexa reconstrução sugerida por Garroway — componente central da qual é a ênfase anti-imperial — carece de factualidade e evidência textual. 

Garroway (2009) afirma que Mc 5.1-20 contém uma mensagem anti-imperial e que o exorcismo de “Legião” precisa ser interpretado à luz das parábolas em Marcos 4, especialmente — pegando carona em Myers — a parábola do grão de mostarda. Porém, não existe nenhuma referência explicitamente anti-romana nestas parábolas, e enquanto seria viável ler Mc 5.1-20 em paralelo ao episódio anterior (Mc 4.35-41), (ex. Watts 1997: 162), não há paralelos verbais ou conceituais vinculando Mc 4.1-34 com Mc 5.1-20. Em última análise, a noção (Garroway, 2009: 73) de que no desfecho da história, a atividade missionária de “Legião” (Mc 5.19-20) é comparável à “semente”, uma “invasão pacífica” como ato de mimesis subvertendo “ideologias padronizadas de reinado e invasão” soa como ficção erudita. 

(iii). Jesus e “Legião”, linguagem anti-romana?
Na visão dos especialistas citados até este ponto, na narrativa marcana a menção do termo “Legião” acarreta claro sentido e sentimento anti-romano. Este tipo de linguagem, afirmam, configura e confirma uma agenda anti-imperialista no Evangelho de Marcos. Ora, se houvesse evidências consistentes e concretas da presença de tal agenda ao decorrer de “Marcos”, esta conclusão faria sentido e seria potencialmente convincente. Porém, uma análise mais ampla do evangelho não produz muitas evidências nesse sentido.

Por um lado, é verdade que os romanos aparecem como inimigos de Jesus no penúltimo capítulo do evangelho. Pilatos tem o poder de libertar um homem cuja inocência está patente aos seus olhos, mas, incitado pela multidão, acaba agindo de forma covarde e egoísta, sendo culpado, em parte, pela morte de Jesus (Mc 15.14-15). Igualmente, os romanos executam Jesus, tratando-o de maneira extremamente cruel (Mc 15.16-27). Portanto, Marcos não nega o fato dos romanos se levantarem contra Jesus, nem os exoneram da sua parcela de culpa na morte de Jesus. 

Todavia, este retrato por si só não é sinônimo de uma agenda anti-romana. É importante frisar que em “Marcos” a morte de Jesus não ocorre somente por causa da injustiça dos senhores do império. Na verdade, como relatada por Marcos, a crucificação de Jesus é o resultado de um conjunto de fatores envolvendo diversos personagens humanos, em conformidade (em última análise) com os desígnios do próprio Deus.3 Se Pilatos o romano é culpado, Judas o judeu também é. Se os soldados romanos foram responsáveis pela execução de Jesus (Mc 15.21-27), a multidão (Mc 15.8-13) também foi. Além do mais, Marcos enfatiza bastante a participação das autoridades religiosas judaicas de Jerusalém como protagonistas no complô para acabar com Jesus (e.g. Mc 10.33; 14.53-64; 15.1, 14). Ao longo do evangelho, a oposição e resistência consistente e constante não é romana, antes, é aquela dos próprios judeus (e.g. Mc 2.7; 3.22-27; 6.1-6; 7.1-5; 10.2; 10.33; 11.18; 11.27ss; 12.13; 14.53-64; 15.1, 14). Enfim, a responsabilidade pela morte de Jesus é partilhada, e, estritamente falando, os romanos aparecem somente no último momento como “executores”, (v. especialmente nesta conexão Mc 10.33 e a expressão “as nações”).  

Mesmo compreendido desta maneira, existe um fator mitigante. No próprio cenário da crucificação, o evangelista conclui a cena da morte de Jesus com a afirmação do centurião: “Verdadeiramente, este é o (ou um) Filho de Deus” (Mc 15.39). Independente de quaisquer considerações históricas, na ótica da narrativa marcana esta afirmação é nada menos do que uma profissão de fé em Cristo.4 O centurião é retratado, pois, de maneira positiva, tornando-se em um modelo positivo para os gentios. Esta noção sobremaneira positiva de conversão não condiz com a suposta agenda marcana anti-romana. Talvez simbolicamente o evangelista esteja sugerindo que o império se converterá a Cristo. Neste caso, porém, a agenda não seria explicitamente anti-romana, poderia ser visto, até, como pró-romana.   

A hipótese da agenda anti-romana cai por terra quando se depara com o fato de que o único indivíduo romano mencionado pelo nome em “Marcos” é “Pilatos” (sem menção do nome próprio “Pôncio”) e que, coincidentemente, Mc 15.1 constitui a primeira menção de qualquer cidadão romano no evangelho inteiro. Isto é, antes do capítulo 15 — com a provável exceção da palavra “Legião” em Mc 5.9 — não há nenhuma referência explícita sequer ao império romano no Evangelho de Marcos.5 A alegada agenda anti-romana simplesmente não se encontra no texto de “Marcos”.   

Retornando pois ao caso de estudo apresentado neste ensaio, como, então, poderíamos entender a referência a “Legião” em Mc 5.9, uma vez que este termo carregaria em si — quase inevitavelmente — conotações do exército imperial de Roma? Primeiramente, é importante averiguar o que, de fato, Mc 5.9 diz. Logo, vemos que a palavra ὅτι é causal, ou seja, o nome “Legião” indica, na leitura natural do texto, o grande número de demônios que possuiram o infeliz gentio: “Meu nome é Legião, pois somos muitos”. A comparação ao exército romano está relacionada, em primeiro lugar, ao número elevado de demônios que dominavam o homem. Outras implicações podem ser relevantes, mas, em primeiro lugar, gramaticalmente a comparação tem este sentido numérico. 

Se a agenda marcana fosse preponderante e militantemente anti-romana — se a mera menção do termo “Legião” visa levantar uma bandeira e toda uma causa anti-romana — por que incluir a cláusula iniciada pela palavra grega ὅτι? Como o jornalista que procura representar a postura política da sua emissora, se a agenda política de Marcos fosse anti-romana, seria mais coerente relatar apenas a primeira parte da fala do demônio, “Meu nome é Legião” omitindo a explicação “pois somos muitos”. Da perspectiva da narrativa, a cláusula explicativa surte o efeito de suavizar o pronunciamento de Legião, à medida que a comparação enfatiza a dimensão numérica. Historicamente, isto pode ter sido importante para o evangelista.6

Em linhas gerais, portanto, entendo que Mc 5.1-20 está relacionado principalmente à batalha que Jesus trava contra Satanás. Desde o primeiro capítulo do evangelho (Mc 1.13, 1.24), e ao decorrer do mesmo (e.g. Mc 1.23-28; 1.39; 3.11-12; 5.1-20; 6.13; 7.24-30; 9.14-29), a palavra paulina “não é contra pessoas de carne e sangue que temos de lutar, mas sim contra principados e poderios” (Ef 6.12) poderia descrever a atitude do próprio Jesus. A explanação sociopolítica do termo “Legião” é fascinante, mas tende a projetar ao texto mecanismos contemporâneos com o efeito de afastar o leitor da Sitz im Leben do primeiro século d.C., um tempo — é bom relembrar — em que Satanás era Satanás e demônios eram demônios

É verdade que em determinados momentos a ação satânica converge com a ação humana, incitando a mesma. Basta recordar-se da declaração de Lucas a respeito daquele que traiu Jesus: “Satanás entrou em Judas” (Lc 22.3). Nas entrelinhas de “Marcos”, também existe indicações do intercâmbio e parceria de Satanás com os inimigos humanos de Jesus (tópico, de repente, para um outro artigo). Isto, porém, não seria evidência de uma ênfase anti-romana, especialmente porque tal associação diz respeito mais aos judeus (alguns dos quais eram anti-imperialistas), do que aos romanos. Em Marcos, simplesmente não existe o anti-imperialismo de uma agenda anti-romana que alguns imaginam.       

(iv). Considerações finais
Nas interpretações analisadas acima, o intuito tem sido apontar para a falta de “controle” exegético que mesmo na obra de especialistas renomados tende a aparecer. Muitas vezes, há uma ausência de cuidados metodológicos, o que significa que agendas subjetivas acabam reconstruindo o sentido do texto de forma nitidamente duvidosa ou no mínimo questionável. No estudo de caso apresentado acima, vimos como intérpretes cuja agenda política é predominantemente esquerdista imputam ao texto algo das suas preocupações latentes. Evidentemente, interprétes caracterizados por outras agendas e convicções políticas são capazes de agir de maneira semelhante, aliás, qualquer intérprete tenderá a prosseguir desta forma, a não ser que haja o cuidadoso exame dos próprios pressupostos à luz do texto sagrado. 

Todos chegam ao texto com alguma agenda — inclusive eu e você — mas toda agenda precisa ser avaliada eexaminada a partir do texto, submetendo-se ao mesmo. O texto sagrado tem de informar a nossa agenda. Caso contrário, correremos o risco de construir uma legião de conceitos ilusórios, lindos castelos no céu azul do nosso imaginário.


REFERÊNCIAS:

DANKER, F. W. (2000) A Greek-English Lexicon of the New Testament and other Early Christian Literature: Third edition (BGAD). Chicago: The University of Chicago Press.
DERRETT, J. D. M. (1979) ‘Spirit Possession and the Gerasene Demoniac’, Man 14: 286-293. 
DONAHUE J. R; HARRINGTON, D. J. (2002) The Gospel of Mark. Collegeville, MN: Liturgical Press.
GARROWAY, J. (2009) ‘The invasion of a mustard seed: A reading of Mark 5.1-20’ JSNT 32/1: 57-75.
GUNDRY, R. H. (2000) ‘Review of Joel Marcus’ Mark 1-8 A new translation with introduction and commentary. AB 27, New York: Doubleday, 1999.’ RBL: 386-391.
HORSLEY, R. (2001) Hearing the Whole Story: the politics of plot in Mark’s Gospel. Louisville: Westminster John Knox.
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1Esta discussão opera com o texto na sua “forma final”, visto que as interpretações dos comentaristas citados tendem a operar neste nível. Por isso, a investigação visa esclarecer a interpretação marcana dos eventos e não aborda (exceto onde for relevante para a argumentação) a questão da inerente historicidade do relatório do evangelista. Da minha parte, não vejo necessidade em duvidar da essencial historicidade dos eventos relatados, embora eu compreenda que esta postura está relacionada à minha própria agenda, e deve ser examinada à luz das evidências e argumentos pertinentes — mas, historicidade não está em jogo aqui.  
2O endosso exagerado de Walter Wink referente ao comentário do Evangelho de Marcos de Myers descreve-o como “o mais importante comentário sobre um livro da Escritura desde ‘Romanos’ de Barth”, não é bem assim, mas a influência de Myers é considerável.
3Além de outros fatores, as predições de Jesus sobre sua morte (especialmente, Mc 8.31 dei “é necessário”) bem como o solilóquio em Getsêmani (Mc 14.36), mostram que a cruz é um evento divinamente ordenado.  
4Há um debate quanto ao significado histórico do pronunciamento do centurião: dependendo da intonação da voz, a declaração poderia ser irônica, ou seja, mais um ato de zombaria alvejando Jesus, igualmente, poderia ser uma confissão ou profissão de fé sincera, o que certamente é no nível da narrativa.  
5Implicitamente, o império romano está em mente em textos como Mc 10.33,42 onde se fala em “nações” ou “gentios”, mas estas descrições marcanas são mais genéricas. 
6Isto é, se, segundo a visão tradicional, Marcos foi escrito para uma audiência romana, seria nos interesses do autor evitar ofender a plateia de maneira desnecessária. A comparação declaradamente numérica tende a reduzir o impacto negativo da identificação provável do bando de demônios com o exército romano.

Fonte: http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=331