segunda-feira, 9 de julho de 2012

Diaconia e Cuidado 2.


Desde o seu início o cristianismo tem sido uma religião que se preocupa com o bem estar do indivíduo dentro da sociedade, basta observar os textos bíblicos mais antigos do Novo Testamento em que já aparecem interesses e preocupações com os menos favorecidos dentro da comunidade cristã e, uma atitude filantrópica para com estes como sendo uma conduta adequada daqueles que vivem a fé cristã. Os relatos sagrados e os documentos dos pais da igreja corroboram essa prática como sendo elemento constante daqueles que fazem parte da Igreja; as situações e as circunstâncias experimentadas pelos primeiros cristãos diante de uma sociedade que os considerava como “lixo” bem como aos pobres e inferiores desta sociedade, além do que, os próprios ensinamentos de Cristo visavam socorrer essa grande parcela da sociedade das consequências malévolas dela. Parece que, muitas das práticas empregadas pela Igreja, tinham seu correlato imediato ligado as praticas efetuadas pelos judeus dentro da esfera da sinagoga, ou seja, além da estrutura eclesiástica da sinagoga, também a postura de socorro aos irmãos judeus por aqueles em melhores condições, também esse modelo é empregado pela Igreja como conduta aos irmãos em necessidades que, posteriormente, mui provavelmente embasado nos ensinos de Cristo, estende-se a todas as pessoas da sociedade (como no caso da Parábola do Bom Samaritano).
Em seu artigo o professor Rodolfo Gaede Neto elenca as principais formas de execução da solidariedade cristã presente nos textos sagrados e nos documentos históricos da Igreja, como por exemplo, O Didaquê, História Eclesiástica, História dos Mártires, etc. que demonstram esses modelos totalmente presentes na vida desta Igreja ainda dentro do ambiente judaico em suas origens e se desenvolvendo como postura cristã dentro do ambiente grego-romano de uma conduta de complacência para com os irmãos e aos próximos! O ágape aparece nas comunidades paulinas como sendo uma prática comum e cotidiana da vida da Igreja e que, embora tenha ocorrido um desvirtuamento causado por condutas egoístas e individualista, entretanto, a gênesis da “comunhão” remete a solidariedade que deve haver entre todos os cristãos em que, inicialmente ele é parte da Eucaristia e posteriormente ele se separa do ato litúrgico, mas permanece como sendo um momento de confraternização e partilha entre todos os membros da comunidade cristã. Em uma sociedade marcada pela situação epidêmica visto que as condições preventivas de enfermidades eram praticamente nulas e as condições sanitárias inexistentes, principalmente os mais pobres (que eram a maioria da população) sofriam gravemente as consequências desses males e, em grande escala muitos cristãos eram afetados por essas situações, o cristianismo buscou cuidar desses indivíduos que eram efetivamente largados a própria sorte e tinham como fim a morte. Vislumbra-se nesse ambiente uma atitude efetiva de não apenas cuidar dos enfermos, mas principalmente de demonstração de preocupação com o indivíduo como alguém importante dentro da sociedade, mas se verifica nesse ambiente a preocupação da Igreja com a dignidade do ser humano e, em sua atitude de sepultar os mortos, mesmo sem saber ou ser algo formalmente planejado, a Igreja estava ajudando na eliminação dos focos causadores da disseminação das pestes presentes nestes momentos da história. A hospitalidade é uma característica natural do mundo oriental, principalmente do mundo judaico e, dentro desse ambiente as comunidades cristãs foram tornando essa postura um exemplo claro da conduta cristã, inclusive com tal postura foi possível as comunidades receberem e acolherem os apóstolos e discípulos em suas viagens e estabelecimento e fortalecimento dos primeiros núcleos cristãos que estavam em fase embrionária; verifica-se que era tão forte essa característica que se tornou característica inata daqueles que almejavam o episcopado e o diaconato. A questão dos recursos da Igreja que, embora hoje ocorra bastante discussão em torno do fato, é visível que nas primeiras comunidades, os recursos financeiros estavam disponíveis para o socorro dos mais débeis e frágeis dentro da comunidade e também para a própria subsistência da comunidade cristã. Esses recursos eram administrados pelos diáconos visando socorrer as classes empobrecidas dentro do ambiente cristão, visando atenuar os sofrimentos causados pela perseguição e a falta do mantenedor da família causada por sua morte ou por sua prisão, preocupando-se a Igreja em suprir a falta deste dentro do ambiente comunitário. O batismo que era a maneira de inserção dentro da comunidade cristã funcionava no período de catequese como meio de massificar na mente dos neófitos da sua responsabilidade para com o próximo e assim ajudou a desenvolver na mentalidade do cristianismo essa responsabilidade para com os necessitados dentro da sociedade como sendo uma responsabilidade de todo cristão.
Sem dúvida alguma, essa postura e o emprego dessas práticas minaram gradativamente as resistências que havia a nova fé e, foi criando no ideário geral da época uma postura diferente em relação ao cristianismo que, gradativamente foi deixando de ser uma religião perseguida para tornar-se “A Religião” do Império! É momento da Igreja redescobrir suas origens e lembrar-se que nossa função nesse mundo é divulgar e disseminar a justiça que emana da Palavra de Cristo que libera o homem de todas as suas cadeias tornando-o um ser mais pleno em toda a sua existência. Hoje, no século XXI, a missão cristã que não agregar uma Ação Social eficaz e plena redundará em um estrondoso fracasso de sua obra, lembrando que é função de todos os cristãos a diaconia que coloca o ser humano que alguém de valor incalculável para Deus.

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